A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos do 8 de Janeiro aprovou, nesta terça-feira, 20, a convocação do ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Marco Edson Gonçalves Dias, mais conhecido como G. Dias. O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, e o coronel Jean Lawand Júnior também serão ouvidos na comissão que investiga os atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes. Os nomes foram aprovados após acordo entre a base do governo e a oposição. As convocações acontecem uma semana depois do líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), conseguir rejeitar, em uma votação em bloco, todos os requerimentos que pediam o depoimento de G. Dias e Saulo Moura da Cunha ao colegiado. “Eu, junto com a relatora, combinamos com a aprovação em entendimento, por acordo, do requerimento de convocação do G. Dias e do Saulo Moura. E, também por acordo, para colocar um item extra pauta, para convocação do Jean Lawand Júnior”, afirmou o presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA).
A convocação de G. Dias ocorre após imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto durante a invasão à sede do Executivo serem divulgadas em 19 de abril. Nas gravações do circuito interno, Dias aparece inicialmente caminhando pelo corredor da antessala do gabinete presidencial, depois surge com manifestantes. O horário da câmera marca 16h29. Ele, aparentemente, passa orientações para saída do grupo que havia acabado de vandalizar as dependências oficiais. Logo depois, surgem servidores do GSI que também conduzem os invasores. Outra câmera, localizada próximo ao relógio de Balthazar Martinot já destruído, registra outro funcionário de Dias conversando com os vândalos, que deixam o local pela escada de serviço. Além disso, o ex-ministro de Lula é suspeito de adulterar um relatório da Abin para omitir que ele sabia dos riscos de depredação a prédios públicos na Praça dos Três Poderes.
Os relatórios da Abin sobre os ataques foram o que motivaram a convocação de Saulo Moura da Cunha. Em relação ao coronel Jean Lawand Júnior, na última semana, foram divulgadas conversas entre ele e o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid. As mensagens estavam no celular de Cid, apreendido após operação de busca e apreensão da Polícia Federal, em investigação que apura sua participação em adulteração de cartões de vacinação contra a Covid-19 — entre eles o de Bolsonaro. Nas conversas com Mauro Cid, Lawand Júnior pede “pelo amor de Deus” que algo fosse feito em relação ao resultado das eleições de 2022.