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Cuidador de idosos: a profissão que cresceu mais de 500% nos últimos 10 anos

Jéssica Oliveira já havia cuidado da sua avó quando a idosa mais precisou da atenção dos familiares. Mas uma ida corriqueira a um supermercado, onde encontrou uma amiga na fila do caixa, fez com que ela pensasse em ingressar na profissão que mais cresceu na última década. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho e Previdência, o número de cuidadores de idosos saiu de 5.263 em 2011, para 34.051 em 2020, um crescimento de 547%.

“Encontrei essa amiga e ela me disse que estava trabalhando como cuidadora de idosos. Como eu havia cuidado da minha avó e tive contato com outros idosos da família, pensei que também poderia trabalhar na área. Fiz o curso e, hoje, trabalho com isso”, conta a ex-vendedora de churrasquinhos.

A profissão de cuidador de idosos é tida como promissora porque a população brasileira envelhece em ritmo acelerado, mas não com qualidade de vida, o que pode causar, no futuro, um maior número de pessoas que precisarão de necessidades especiais, como acredita o médico e especialista em gerontologia, Júlio Camelo. 

“É um fenômeno que não vemos apenas no Brasil, o envelhecimento da população já é uma realidade em diversos países. No nosso, como se trata de algo considerado novo, não estamos preparados, no sentido de políticas públicas, para garantir que essas pessoas ultrapassem os 60, 70, 80 anos, bem. Além disso, naturalmente, no que diz respeito à questão da própria natureza humana, com o passar do tempo, necessitamos de uma atenção maior. Mas há outra inquietação: estamos cada vez mais ocupados com os nossos ofícios, teremos tempo para dar todo o suporte que nosso familiar idoso necessita ou essa responsabilidade poderá ser compartilhada com um profissional?”, questiona Camelo.

De acordo com o IBGE, em 2021, a população brasileira era de cerca de 212,5 milhões de pessoas. Desse total, 21,6 milhões tinham 65 anos ou mais, o que representa 10,2%. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima, por sua vez, que em 2050, os idosos representarão 30% da população.

Jéssica Oliveira saiu da informalidade para trabalhar como cuidadora de idosos (Reprodução/Arquivo pessoal)

A profissão de cuidador de idosos ainda não é regulamentada, mas, de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), que identifica e especifica os postos do mercado de trabalho brasileiro, o profissional deve ser formado em cursos com carga horária de 80/160 horas, ter acima de 18 anos e ensino fundamental completo. Além disso, informa o Ministério do Trabalho, “o acesso ao emprego também ocorre por meio de cursos e treinamentos de formação profissional básica, concomitante ou após a formação mínima que varia da quarta série do ensino fundamental até o ensino médio.”

Sem regulamentação, não há piso salarial, mas, segundo levantamento da Catcho, site de vagas de emprego, a remuneração mensal pode variar em todo o Brasil entre R$ 900 a R$ 1.800. Em raros casos, tratando-se de empresas especializadas em cuidados ao idoso, o salário chega a R$ 3.000.

Os profissionais são livres para negociar diretamente com as famílias ou fazerem parte de empresas home care, centros de recuperação, asilos e órgãos públicos. A rotina vai desde acompanhar o cliente em uma consulta médica, cirurgia, dormir em sua companhia, em casa ou leitos de hospitais, alimentá-lo, ajudá-lo na locomoção e administrar remédios. E a demanda para esses serviços é alta. “Nunca fiquei desempregada por mais de um mês”, afirma Jéssica.

Daniela Matos, coordenadora da Ammo Enfermagem, especializada em serviços de cuidadores e de enfermagem, afirma que de 2021 para cá, 500 pessoas passaram pelo curso oferecido pela empresa. Desse total, 400 já estão trabalhando na área como MEI (Micro Empreendedor individual). 

“Alguns já trabalhavam como cuidadores e buscaram uma especialização; outros nunca tiveram experiência nenhuma com idosos, só cuidaram de familiares e, por isso, procuraram a gente para se qualificar e entrar no mercado de trabalho. É um curso de carga horária de 140 horas que dura, em média 45 dias, onde o aluno aprende técnicas de como posicionar o paciente, fazer curativos, dar apoio emocional e psicológico, prestar os primeiros socorros…” explifica.

Mainara deu início a formação após perder o emprego na pandemia (Reprodução/Arquivo pessoal)

Mainara Lucena sempre teve vontade de fazer o curso, sobretudo porque cuidou da avó em seus últimos dias de vida, mas como trabalhava com atendimento ao cliente em um shopping, encontrar tempo era impossível, diz. Ao ficar desempregada na pandemia, deu início a formação que está em andamento. 

“Fiquei sem emprego e tinha pessoas próximas a mim que estavam fazendo o curso, elas se formaram e conseguiram um emprego, resolvi fazer também. Agora, estou me esforçando ao máximo e acredito que estou me saindo muito bem […] Eu sempre digo que a base é ter paciência porque muitos dos idosos já teve uma vida inteira de sofrimento, que passaram por muitas situações que desconhecemos, como serem abandonados pelos filhos. Por isso, precisam de atenção”. 

Onde se capacitar:

  • Local: Ammo enfermagem (Salvador)
  • Modalidade: presencial 
  • Custo: pago
  • Contato: (71) 99632-4332  98125-5298   2132-7125
  • Site: ammoenfermagem.com.br
  • Local: Vivenciar Salvador
  • Modalidade: presencial
  • Custo: Pago
  • Contato: (71) 4101-0108  3486-5034  9 9262-8362.
  • Instagram: @vivenciar.salvador
  • Local: Monte Tabor – Centro Ítalo-Brasileiro de Promoção Sanitária (Salvador)
  • Modalidade: presencial
  • Custo: gratuito
  • Contato: (71) 9 9726-0077  3409-8130
  • Site: montetabor.org.br
  • Local: Senac (Salvador)
  • Modalidade: presencial
  • Custo: pago
  • Site: cursos.ba.senac.br
  • Local: Faculdade Unimed
  • Modalidade: À distância
  • Custo: pago
  • Site: faculdadeunimed.edu.br
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