Como prometido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda antes de assumir o terceiro mandato, a Cúpula da Amazônia, que acontece nesta terça e na quarta-feira, 8 e 9, em Belém, no Pará, deve marcar o esforço do governo brasileiro por um protagonismo mundial nos debates sobre a preservação da floresta e povos indígenas. O tema da exploração de reservas de petróleo na foz do rio Amazonas pode, porém, mostrar que o governo não está totalmente alinhado na área ambiental. Entidades do setor, líderes de países vizinhos como a Colômbia e parte do governo pedem que os estudos sobre o óleo na região sejam barrados, enquanto alguns ministros e até Lula já defenderam o potencial econômico das reservas. A Petrobras aguarda liberação do Ibama para perfuração da área.
Questionado nesta segunda-feira, 7, sobre o assunto, o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) afirmou apenas que o planeta, “infelizmente, não chegou ao ponto de poder renunciar à matriz energética que tem o combustível fóssil como predominante”. Já Marina Silva, titular do Meio Ambiente, ponderou que “qualquer atitude que não considere a ciência pode cometer erros irreversíveis”. “Mesmo que consigamos reduzir o desmatamento em 100%, se o mundo não parar com as emissões por combustível fóssil, vamos prejudicar a Amazônia de igual forma”, disse Marina. O presidente Lula, ao chegar ao Pará nesta segunda, indicou que tentará deixar a questão do petróleo de fora da cúpula: “Você acha que eu vim aqui para discutir isso agora?”, respondeu a jornalistas.
Durante a cúpula, Lula e ministros recebem os presidentes da Bolívia, Colômbia, Guiana, do Peru e da Venezuela e representantes do Equador e Suriname. Além deles, participam enviados dos governos da Alemanha e da Noruega, principais países que contribuem para o Fundo da Amazônia, e da França, em razão da Guiana Francesa. Outros convidados representam países com florestas tropicais na África. Ao final da cúpula, as oito nações que compõem a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) devem assinar um documento de cooperação com metas ambientais.