São Paulo – O secretário da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, Guilherme Derrite, fez críticas ao governo Lula (PT) e foi aplaudido ao defender ocorrências que resultaram na morte de supostos criminosos, neste sábado (6/7), durante sua fala na CPAC, congresso conservador realizado em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
Policial militar reformado e deputado federal eleito pelo PL-SP, Derrite iniciou a apresentação expondo um organograma da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC), montado com retratos coloridos e em preto e branco. As fotos do segundo grupo eram de líderes da facção mortos.
“Pelo menos nesse governo federal não há nenhum tipo de iniciativa para coordenar e combater o crime organizado, a gente sabe disso”, alegou o secretário. “Mas nós também não podemos ficar olhando quietos.”
Sem citar o nome de Lula, o secretário paulista também se referiu ao presidente como “o indivíduo que está lá no Palácio do Planalto” ao criticar os vetos na Lei das Saidinhas. O projeto contra a saída temporária de presos é de relatoria de Derrite.
Crime organizado Para falar dos “desafios” da segurança em São Paulo, o titular da pasta na gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) também expôs informações sobre a estrutura do tráfico de drogas e comentou a expansão do PCC para outros países.
Atualmente, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) estima que a facção atue em 23 países e seja formada por 40 mil “batizados” e 60 mil “terceirizados”.
Aos conservadores Derrite destacou apostar em três linhas de combate contra o crime organizado: “busca e captura das principais lideranças”, “inviabilizar a cadeia logística do crime, especialmente do tráfico” e “impedir a lavagem de dinheiro”.
A apresentação prosseguiu com alguns casos de acusados que foram, nas palavras do secretário, “neutralizados” pela polícia paulista. O termo é usado no meio policial para indicar ocorrências em que o suspeito é morto na ação.
Aplausos por mortes “Aquele tem o apelido de Príncipe do PCC”, ressaltou o secretário, ao mostrar a foto de um acusado morto pela polícia. “Era o príncipe, né? Porque ele foi neutralizado pela Rota nas operações da Baixada Santista”, completou. O público aplaudiu.
Os aplausos se repetiram quando Derrite falou de outras mortes e alegou se tratarem de lideranças criminosas. “Infelizmente, ele optou por atirar nos policiais da rota e foi mais um neutralizado”, comentou, em uma das ocasiões.
No telão do evento, o chefe da SSP chegou a expor o cadáver de um acusado de roubos, a quem chamou de “vagabundo”. “Era procurado pela Justiça, praticou roubo a banco em cinco estados e, ontem, policiais do Deic (Departamento de Investigações Criminais) foram no encalço dele, mas ele resistiu e atirou nos policiais.”
Derrite, no entanto, afirmou ao público que a prioridade da polícia seria prender, e não matar, durante as operações. Para ilustrar, citou o caso da captura de Batatinha, apontado como líder do PCC na favela de Paraisópolis.
“Vou ser muito sincero. Quisera eu que todos os criminosos, quando a polícia fossem prendê-los, se entregassem. A primeira vítima, numa troca de tiros, é o policial”, disse o secretário. “Vocês não sabem o que é entregar uma bandeira do Brasil para uma viúva ou uma mãe de policial.”