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DF: 2ª principal causa de mortes de bebês afetou 4 mil recém-nascidos

Um em cada quatro bebês filhos de mães moradoras do Distrito Federal e nascidos com alguma anomalia congênita morreram no primeiro ano de vida. O dado faz parte de um boletim epidemiológico inédito da Secretaria de Saúde (SES-DF) relacionado apenas a esses tipos de casos. O documento se baseia na análise de aproximadamente 700 mil nascimentos, registrados entre 2010 e 2022.

Nesse período, mais de 4 mil recém-nascidos foram diagnosticados com anomalias gestacionais, e pouco mais de mil morreram devido à condição.

O levantamento também comparou os dados obtidos com o número de mortes de bebês nos primeiros 12 meses de vida. Dos mais de 6 mil óbitos dessas crianças, de 2010 a 2022, 1.677 (27,8%) foram causados por anomalias congênitas.

Com taxa de mortalidade de 0,3% entre diagnosticados, essa é a segunda principal causa de falecimentos entre meninos e meninas de até 1 ano no Distrito Federal.

O primeiro boletim sobre as anomalias gestacionais levou em consideração os 554.205 nascimentos registrados na capital federal de 2010 a 2022.

Desse total, 4.025 (0,7%) recém-nascidos tinham alguma anomalia congênita. As mais comuns foram defeitos em membros – ausência ou desenvolvimento incompleto de braços ou pernas – e cardiopatias congênitas – alterações na estrutura ou na função do coração –, segundo a SES-DF.

Essas anomalias resultam de um conjunto de alterações estruturais ou funcionais que ocorrem durante a formação do feto no útero e que podem ser detectadas antes, durante ou após o nascimento.

Entre os principais fatores que podem contribuir para o desenvolvimento dessas alterações estão: predisposição genética; doenças maternas, como diabetes ou infecções virais; qualidade nutricional da gestante durante a gravidez; ou uso de substâncias químicas pela mãe, como medicamentos inapropriados e drogas.

Assim, o programa de triagem neonatal, o chamado “teste do pezinho”, é essencial para permitir o  diagnóstico e o tratamento precoce de anomalias congênitas. E, das 27 unidades da Federação do país, o DF é a única que disponibiliza o exame de forma ampliada, com capacidade para identificação de até 62 patologias.

Aumento de casos

Ainda segundo o levantamento da Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS), de 2017 a 2022, o Distrito Federal teve aumento no número de casos de anomalias congênitas.

Em 2017, seis em cada mil (0,6%) recém-nascidos tinham alguma anomalia. O número subiu para oito em cada mil (0,8%), em 2019, e atingiu o ápice em 2022, quando um em cada 100 recém-nascidos (1%) era diagnosticado com problema congênito.

Para a médica neonatologista e presidente da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), Marta Rocha, esse aumento decorreu da normatização do Ministério da Saúde para o registro das anomalias. A especialista também acredita que, a partir da divulgação do estudo no Distrito Federal, os profissionais da capital do país estarão mais especializados no assunto.

“Esses dados sempre foram coletados no momento do nascimento, mas essa é a primeira vez em que a Secretaria de Saúde faz essa divulgação. E ela é importante porque serve para ajudar a traçar políticas públicas, aprimorar o acompanhamento da gestante, direcionar nosso atendimento e melhorar a formação de profissionais”, afirmou.

Entre 2020 e 2022, foram registrados 1.004 casos de anomalias congênitas no Distrito Federal. O estudo mapeou, ainda, a quantidade de ocorrências e a taxa por região administrativa.

Entre aquelas com maior número de bebês com anomalias congênitas estão Planaltina (106) e Samambaia (103). E as regiões com maior percentual de casos em relação ao total de nascimentos são Fercal (1,81%), Cruzeiro (1,58%) e Lago Norte (1,49%).

“Agora, o que se espera é que a Secretaria de Saúde acompanhe de perto esses dados e, com base na distribuição das regiões do DF, possa traçar ações para tentar diminuir os casos. Certas práticas, como o uso de medicamentos para descongestionamento nasal na gestação, são grandes causadores dessas anomalias e podem ser prevenidos ainda na fase pré-natal”, completou Marta Rocha.

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Tabela de ocorrências de anomalias congênitas nas regiões administrativas do Distrito Federal

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Gráfico mostra crescimento do número de casos de anomalias congênitas entre 2010 e 2022

SVS-DF/Reprodução

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Tabela de ocorrências de anomalias congênitas nas regiões administrativas do Distrito Federal

SVS-DF/Reprodução

Em 2022, as três anomalias mais comuns entre recém-nascidos do DF foram, da maior quantidade de casos para a menor:

  • Defeitos nos membros;
  • Cardiopatias congênitas; e
  • Síndrome de Down.

Veja:

Grafico de linhas
Gráfico mostra prevalência de anomalias congênitas no Distrito Federal, separadas em oito grupos

Os defeitos de membros representaram cerca de 30% dos casos de anomalias gestacionais na capital federal no período considerado. As ocorrências podem incluir desde dedos adicionais nas mãos ou nos pés até a ausência parcial ou total de membros.

Embora a ocorrência seja rara, e apesar de não ter levado a mortes, essa anomalia pode causar redução da capacidade funcional e da qualidade de vida do nascido.

Já as cardiopatias congênitas estão entre as anomalias que mais causam mortes de bebês menores de 1 ano. No intervalo temporal de 12 anos levado em conta no estudo, aconteceram 649 óbitos.

No caso da síndrome de Down, de 2010 a 2022, 133 crianças nasceram no DF com a alteração cromossômica mais comum entre os seres humanos. Desse total, 35 morreram antes de completarem 1 ano.

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