Um dos responsáveis pelos brutais assassinatos de um caseiro, a namorada e a filha dela em Silvânia (GO) nunca foi identificado pela polícia. No dia 21 de fevereiro, dois responsáveis pelo crime foram condenados a mais de 70 anos de prisão, mas um terceiro envolvido, que inclusive executou diretamente duas das três vítimas a tiros, não foi responsabilizado e o caso foi arquivado sem solução.
No dia 2 de fevereiro de 2022, o ex-vigilante penitenciário Thiago Tavares e o comparsa dele, não identificado, se passaram por policiais cumprindo um mandado de prisão e assassinaram a tiros o caseiro Denismar Ricardo, de 49 anos, a namorada dele Suzana Vilefort, de 49, e a filha dela, Jéssica Vilefort, de 29. A namorada de Jéssica foi atingida na mão, se fingiu de morta e conseguiu sobreviver. As duas estavam na casa fazendo conservas de guariroba para vender.
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Jéssica Vilefort, 29 anos, assassinada ao lado da namorada em Silvânia (GO) Reprodução/ Facebook
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Suzane Vilefort, de 49 anos, foi assassinada ao lado da filha e do namorado Facebook
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Ex-vigilante Thiago, acusado de triplo homicídio Olha Cidada/Silvania
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Denismar e Suzane foram assassinados em 2022 Reprodução/ Facebook
Segundo a polícia e o Ministério Público, a mandante do crime foi a amante de Thiago, Luiza Nery Vieira. O alvo dos bandidos era Denismar, mas acabaram matando as duas mulheres para não deixar testemunhas. Luiza acusava Denismar de ter estuprado a filha dela no passado, quando ambos foram casados. O caseiro negava o crime e tinha sido absolvido pelo Judiciário.
Em depoimentos para a polícia em 2022, Thiago confessou o triplo homicídio, mas não quis entregar o comparsa, que identificou apenas como um “colega policial civil”.
“O interrogado não pode dar o nome desse colega; que esse colega poderia fazer algo com a família do interrogado caso saiba que contou sobre sua identidade”, diz trecho de depoimento de Thiago.
Arquivamento sem identificação A promotoria do Ministério Público de Goiás em Silvânia confirmou ao Metrópoles que o terceiro envolvido no triplo homicídio não foi identificado.
“O terceiro não foi identificado. Foi instaurado inquérito policial para identificar essa pessoa, no qual houve quebra de sigilo telefônico, mas não houve resultados relevantes para a investigação, razão pela qual o delegado de polícia concluiu o inquérito policial sem indiciamento”, escreveu o MP em nota.
Após um júri de mais de 24 horas, que foi encerrado no dia 21 de fevereiro, Luiza Nery foi sentenciada a 73 anos e 4 meses de prisão em regime fechado por ser a mandante do crime. Já o Thiago Tavares foi condenado a 75 anos e 4 meses de prisão por executar o crime.
De acordo com o Ministério Público, Thiago foi quem atirou contra Jéssica e a namorada dela, a única sobrevivente. Já o comparsa não identificado foi quem atirou contra o casal Denismar e Suzana.
Grupo de extermínio Reportagem do Metrópoles de março de 2022 revelou que Thiago Tavares citou em depoimento um grupo de extermínio formado por policiais que faria “justiça própria” e que seria responsável pelo triplo homicídio.
O ex-vigilante penitenciário negou a existência desse grupo em um novo depoimento, mas confessou que fazia serviços de escolta e captura de forma informal, contratado por duas pessoas vinculadas ao sistema prisional, mesmo não sendo mais vigilante.
Além disso, mensagens de WhatsApp no celular de Thiago mostram a relação dele com três pessoas, sendo um identificado como PM, para o cumprimento de ao menos 14 “missões” ou “trabalhos”. Essas missões não são detalhadas, mas em uma delas Thiago é orientado a usar “roupa paisano”.
Veja as mensagens: mensagens whatsapp ex vigilante triplo homicidio silvania goias (1)
Ex-vigilante conversa com contato no dia de triplo assassinato PCGO
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Ex-vigilante acusado de homicídios pede arma para contato com nome PM PCGO
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“Chefe” de ex-vigilante acusado de homicídios chama para missão com “roupa paisano” PCGO
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Ex-vigilante acusado de homicídios diz para contato que resolver situação é “questão de vida ou morte” PCGO
Em outra mensagem, Thiago diz para um contato chamado “PM Denis” que precisa de um “ferro”, gíria para arma de fogo.
Já para contatos denominados “Soares” e “Martins”, o ex-vigilante penitenciário diz que precisa de apoio e equipamento para resolver uma questão de “vida ou morte familiar” e chama o caseiro de “demônio”.
No dia dos assassinatos, Thiago chega a dizer para Soares que estava “arrumando veículo para missão”.
Em uma decisão judicial de 2022 que determinou a prisão preventiva de Thiago e Luiza Nery, a juíza Nathália Bueno chegou a dizer que havia indícios concretos de que os autores do crime eram ligados a um grupo de extermínio.