O dólar fechou nesta quinta-feira, 14, em baixa ante o real, ainda que limitada, interrompendo uma sequência recente de ganhos, com investidores se apegando à possibilidade de que o pacote fiscal do governo Lula atinja cifras acima do que vinha sendo esperado.
+ Campos Neto vê dólar forte nos emergentes com eleição de Trump, mas Brasil menos afetado
No exterior, o dólar seguiu sustentando ganhos ante boa parte das demais divisas, em mais um dia de “Trump trade”.
O dólar à vista fechou o dia rondando a estabilidade, com variação negativa de 0,09%, cotado a 5,7862 reais. Nesta semana, encurtada pelo feriado da Proclamação da República na sexta-feira, 15, a divisa acumulou alta de 0,85%. Veja cotações.
Às 17h06, o dólar para dezembro — o mais líquido atualmente no Brasil — cedia 0,37%, aos 5,7955 reais.
Expectativa
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na quarta-feira, 13, que o valor do pacote de corte de gastos que está em elaboração pelo governo será “expressivo” e reforçará o conceito de que todas as despesas devem, na medida do possível, ser incorporadas ao que prevê o arcabouço fiscal.
Questionado se isso significa que essas despesas devem seguir a regra geral do arcabouço, que limita o crescimento dos gastos a 2,5% ao ano acima da inflação, Haddad respondeu que devem “seguir a mesma regra ou alguma coisa parecida com isso”. “Mas que atende exatamente o mesmo objetivo”, disse o ministro, que não quis antecipar detalhes do pacote.
O dólar no dia
No início da sessão, o dólar chegou a oscilar em alta ante o real, em sintonia com o exterior, onde os agentes seguiam buscando a moeda norte-americana em meio à leitura de que as políticas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tendem a ser inflacionárias.
Às 9h03, logo após a abertura, o dólar à vista atingiu a cotação máxima de 5,8297 reais (+0,66%).
Com as cotações acima dos 5,80 reais, alguns agentes aproveitaram para vender dólares, repetindo algo que vem ocorrendo em sessões recentes, o que enfraqueceu a moeda norte-americana.
Além disso, o mercado se apegou a notícias na imprensa — não confirmadas oficialmente — de que o pacote fiscal do governo Lula pode ter impacto de 70 bilhões de reais.
O número foi bem recebido, já que o mercado vinha especulando que o governo adotaria cortes mais modestos, de 30 bilhões a 50 bilhões de reais, conforme profissionais ouvidos pela Reuters nos últimos dias. Assim, o esforço de 70 bilhões de reais, se confirmado, iria emitir um sinal de compromisso do Planalto com o equilíbrio fiscal.
“Surgiu esta informação de que o pacote será robusto, então o pessoal que estava comprado (posicionado na alta do dólar) realiza um pouco”, disse durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, ao justificar a venda de dólares que conduziu as cotações para o território negativo.
Às 12h20, o dólar à vista atingiu a cotação mínima de 5,7607 reais (-0,54%).
Também no início da tarde, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou por videoconferência de dois eventos, nos quais reiterou a preocupação da autarquia com as expectativas de inflação e a necessidade de controle fiscal para que os juros caiam.
Além disso, Campos Neto reconheceu que a eleição de Trump fortaleceu o dólar nos países emergentes, mas avaliou que o Brasil será menos afetado.
“Obviamente um dólar forte afetará todos os países dos mercados emergentes, mas a minha opinião era de que o Brasil seria menos afetado”, afirmou Campos Neto. “O Brasil não vai ser tão afetado… será afetado, mas em menor grau”, acrescentou.
No restante da tarde o dólar à vista se reaproximou da estabilidade, até encerrar em leve baixa.
No exterior, às 17h22, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,39%, a 106,870.
No fim da manhã o BC vendeu todos os 15.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de janeiro de 2025.
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