InícioNotíciasPolicialEscolas aproveitam 'Dia D' e realizam ações contra a violência

Escolas aproveitam ‘Dia D’ e realizam ações contra a violência

Em meio a uma onda de ataques que não se concretizou nessa quinta-feira (20), escolas, estudantes, pais e responsáveis de Salvador começaram o dia em clima de tensão. A data, conhecida como ‘Dia D’, lembra um dos maiores massacres da história, que ocorreu em 1999, nos Estados Unidos, e vitimou 13 pessoas. Um ambiente que fez com que, mesmo em meio ao reforço de segurança, colégios públicos e particulares registrassem salas esvaziadas. Muitas unidades, porém, aproveitaram para promover a cultura da paz.

Gestora do Centro Educacional Edgard Santos, no bairro do Garcia, Luzinete Nascimento falou da queda de presença dos alunos. Os poucos estudantes do seu colégio que compareceram participaram de uma caminhada por paz nas escolas. “Houve uma redução significativa dos estudantes presentes nas escolas. Os pais estão com medo em meio ao que ocorre, mas a gente precisa discutir isso. Estamos aqui, inclusive, para reafirmar a educação como ambiente de paz”, disse ela, ontem. 

Confira balanço da Operação Escola Segura

A rede privada de educação não escapou da queda na presença. O Colégio Antônio Vieira, por exemplo, registrou movimento abaixo do que é comum, de acordo com trabalhadores da região que ficam em frente à escola.

“Tem uns 80% menos de estudantes aí hoje [ontem]. Você quase não vê criança. Cedo mesmo, é um engarrafamento retado com os pais trazendo os filhos. Hoje, não teve. Quase não teve carro, o movimento foi muito mais tranquilo, sem engarrafamento nenhum”, contou um funcionário da Transalvador. 

“O movimento está bem fraco, muito menor do que a gente é acostumado. O pessoal lancha aqui e hoje não apareceu ninguém. Deve ser a coisa da segurança. A polícia passou aí ao menos umas três vezes ao longo da manhã. Toda hora uma viatura diferente rodando”, falou uma vendedora ambulante.

Procurada para responder se solicitou ronda ou segurança especial na área, a assessoria do Antônio Vieira afirmou que não fez pedido e que as rondas são resultado do anúncio do governo sobre a intensificação do policiamento em todas as escolas.

No Colégio Oficina, outro centro de educação particular de Salvador, as provas foram suspensas. “Mantivemos as aulas, sim, e suspendemos as avaliações de algumas séries em respeito à solicitação de algumas famílias, para que tivessem – conforme demandado por elas – o livre arbítrio de enviar ou não os(as) filhos(as) no dia de hoje”, explica a assessoria.

Nas escolas da rede estadual de ensino, as aulas foram realizadas normalmente, segundo a Secretaria da Educação do Estado (SEC), com o desenvolvimento de ações pedagógicas voltadas à cultura da paz. De acordo com a pasta, apenas cinco notificações de suspensão de atividades foram registradas, sendo três delas em Lauro de Freitas, Coribe e Morro do Chapéu. Em Salvador, as aulas foram suspensas no Colégio Estadual Sara Violeta, em Rio Sena, e no Edvaldo Fernandes, em Tancredo Neves, por motivos externos às ameaças.

Já entre as escolas municipais, de acordo com a Secretaria Municipal da Educação (Smed), as que não tiveram aula ontem foram aquelas situadas em áreas de conflito. As demais tiveram atividades com promoção da paz, como palestras, caminhadas e pinturas. 

As aulas nas escolas da região do Rio Sena, no Subúrbio de Salvador, foram suspensas. Além dessas, as escolas municipais Prof.ª Anfrísia Santiago e 22 de Abril, localizadas nos bairros do Cabula e Tancredo Neves, também suspenderam as atividades nesta quinta-feira (20) em decorrência da sensação de insegurança na área. Nos dois últimos bairros, 836 alunos estão sem aula.

Clamor por paz
Enquanto as salas ficaram mais vazias, houve quem enchesse as ruas para pedir por paz. No bairro do Garcia, a Escola Municipal Hildete Lomanto, o Centro Estadual Edgard Santos e o colégio particular Tempo do Saber se uniram em uma caminhada que começou na Avenida Leovigildo Filgueiras e só parou na Praça do Campo Grande, em um ato ecumênico.

“Aliamos para a participação dessas três escolas aqui do bairro. Queremos disseminar a paz diante do caos que vivemos nas escolas. Decidimos fazer hoje por ser um dia de mais temor. A gente precisa combater o medo com ações que espalhem o amor”, fala Ida Guimarães, gestora da Escola Municipal Hildete Lomanto.

Escolas se unem em ato por paz (Foto: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO)

Foram dezenas de estudantes, professores e servidores que participaram do percurso com mensagens por paz. Outro lugar que teve ação foi o Colégio Estadual Sátiro Dias, do bairro da Pituba. Por lá, quem estuda e quem ensina pôde pintar um quadro para falar de sentimentos positivos em um momento de temor.

“Foram várias palavras que pintamos. Amor, paz, esperança, alegria e muitas outras. Eu achei legal, é bom fazer isso já que os pais e até nós, alunos, estamos vendo tanta coisa ruim. Eu não acho que vai acontecer, mas fico mais tranquila vendo todo mundo junto pintando na mesma intenção”, fala a estudante Moana Souza, de 11 anos.

Padrasto de um dos estudantes da escola, o artista visual Leonel Matos propôs a ação em uma das reuniões entre pais e direção para ressignificar a data, transformando o que poderia ser medo em um momento de alegria e confraternização.

“Esse trabalho interativo com estudantes, pais, diretores e professores é para quebrar o que vem acontecendo nos últimos dias. É usar a cultura e a arte para implantar positividade através disso. […] A arte transmite os nossos sentimentos e esses, que são bons, têm que estar aqui neste momento difícil”, fala Leonel.

Pais inseguros
Com medo do que pudesse acontecer, muitos pais preferiram não levar os filhos para a escola. A mercadologa Marta Sousa, 44 anos, por exemplo, optou por deixar o filho de nove anos em casa. Ela havia decidido isso antes mesmo de reuniões sobre segurança e o movimento de paz nos colégios.

“Eu ainda estou muito insegura em relação a essas situações. […] Pude perceber que as crianças tratam como aventura, questionando como podem se defender ou estratégias para usar em um eventual ataque. Não sei o quanto isso pode ser bom, esse ponto específico me preocupou muito”, conta ela, ainda aflita com a situação.

Além da Polícia Militar da Bahia, a Guarda Civil Municipal (GCM) também fez rondas pelos colégios, se mantendo apenas nas escolas municipais, onde tem jurisdição para atuar. Ao todo, foram mais de 100 agentes e 25 viaturas colocadas especialmente para o dia de ontem. Marcelo Silva, inspetor geral da GCM, conta como foi a ação entre as escolas.

“As viaturas e os agentes circulam nas imediações das escolas, além de parar para contato com gestores, servidores e professores. Nas visitas, fazemos também palestras adequadas a idade de cada turma. Mais do que segurança, implantamos o diálogo para construir cultura de paz”, afirma Silva.

GCM faz patrulhamento escolar (Foto: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO)

Mesmo com as ações das forças de segurança municipal e estadual, nem todos os estudantes se sentiram mais tranquilos a ir para escola. Mônica Sampaio, 30, está em um grupo de pais e responsáveis, onde muitos declararam que os filhos estavam com medo de sair para estudar. 

“No grupo, o pessoal falou que vários dos meninos pediram para não ir hoje. Então, mesmo sabendo do suporte da escola, preferimos não mandar. A PM foi lá ajudar, mas na cabecinha deles até piorou, ficaram com mais medo porque viram que era sério. Na sala dos meus mesmo, mais de 80% das crianças não apareceram”, contou a dona de casa. 

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