A Espanha continental e Portugal bateram seus recordes de temperatura para o mês de abril, informaram as autoridades nessa sexta-feira (28/4), enquanto as nações enfrentavam uma onda de calor excepcionalmente precoce no ano, que aumenta o risco de incêndios florestais.
O termômetro atingiu 38,8 ºC no aeroporto da cidade de Córdoba, no sul da Espanha, na quinta-feira (27/4), batendo o recorde anterior de 38,6 ºC na cidade de Elche em 2011, no leste do país, informou a agência meteorológica nacional AEMET.
Esses “dados provisórios” ainda precisam ser confirmados, um processo que pode levar vários dias, disse um porta-voz da agência. A temperatura mais alta de toda a Espanha no mês de abril, no entanto, foi registrada em 2013 nas Ilhas Canárias, na costa noroeste da África, quando o termômetro atingiu 40,2 ºC.
Em Portugal, a temperatura na cidade de Mora, no centro do país, atingiu 36,9 °C na quinta-feira, quebrando o recorde de 36 °C estabelecido em abril de 1945 na cidade de Pinhão, no nordeste, informou a agência meteorológica IPMA.
Enquanto as temperaturas começaram a cair em Portugal na sexta-feira, o calor escaldante persistiu em grande parte da Espanha, com o termômetro atingindo 36°C em Córdoba.
Madri abriu nesta sexta-feira sua “praia urbana”, uma série de chafarizes ao longo do rio Manzanares, um mês antes do usual. “Imagine como será o verão se estamos tendo tanto calor na primavera”, disse Patricia Solozaga enquanto sua filha brincava alegremente com os jatos d’água.
A onda de calor excepcionalmente precoce no ano foi impulsionada por uma massa de ar muito quente e seco vinda da África.
Monitoramento de incêndiosAs temperaturas escaldantes provocaram alertas sobre o alto risco de incêndios florestais e agravaram as condições de seca que já levaram alguns agricultores da Espanha a não plantar sementes este ano.
O governo espanhol disse que lançaria sua campanha de monitoramento de incêndios florestais nesta sexta-feira, um mês e meio antes do habitual, devido à chegada antecipada das temperaturas altas.
Isso envolverá a adição de reforços às equipes locais de combate a incêndios e o “monitoramento contínuo de incêndios florestais” em todo o país, informou o Ministério do Interior em um comunicado.
As chamas devastaram cerca de 54 mil de terra até agora este ano na Espanha, em comparação com pouco mais de 17 mil hectares durante o mesmo período em 2022, de acordo com o Sistema Europeu de Informações sobre Incêndios Florestais.
No ano passado, a Espanha teve o ano mais quente desde o início dos registros, e os números da ONU sugerem que quase 75% de suas terras são suscetíveis à desertificação devido às mudanças climáticas.
Os reservatórios de água estão com metade de sua capacidade em todo o país e o sindicato de agricultores COAG afirma que 60% das terras agrícolas estão “sufocando” devido à falta de chuvas. A Espanha é o maior exportador mundial de azeite de oliva e uma importante fonte de frutas e vegetais na Europa.
Especialistas afirmam que a mudança climática impulsionada pela atividade humana está aumentando a intensidade e a frequência de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas e incêndios florestais.