InícioEditorialEspetáculo cativa o público ao recontar história do Dois de Julho

Espetáculo cativa o público ao recontar história do Dois de Julho

Uma versão popular de uma história popular: assim pode ser definido o espetáculo musical ‘Resistência Cabocla’, do Bando de Teatro Olodum, que estreou em Salvador nesta sexta-feira (30) e teve como palco nada mais, nada menos que a Praça 2 de Julho, mais conhecida como Largo do Campo Grande. A obra, que conta a história de dois jovens negros que se preparam para participar do desfile do Dois de Julho, conseguiu, num tom acessível e bem-humorado, levar conhecimento e emoção ao grande público presente. Foi como revisar e recontar a história da Independência do Brasil na Bahia, que, assim como tantas outras que ouvimos, costumam trazer como protagonistas sempre as mesmas pessoas, a partir de uma narrativa construída por quem ocupa majoritariamente os espaços de poder. A protagonista Mirna, em diálogos com seu amigo Luque — empolgado com o desfile como baliza à frente de uma das fanfarras —, é a responsável por questionar a falta de representatividades feminina, negra e indígena e ressignificar a festa a partir do contato com um caboclo encantado. Essa lacuna histórica foi preenchida durante a exibição do espetáculo, que tem texto de Daniel Arcades e direção musical de Jarbas Bittencourt. Prova disso foram os gritos e aplausos arrancados da plateia a cada cena que exaltava a força e o protagonismo de grupos minorizados. A estudante indígena Ila Auanã, de 22 anos, por exemplo, se sentiu devidamente representada numa produção artística pela primeira vez. “Enquanto indígena, nordestina e fruto dessa história, estou totalmente contemplada e muito feliz. Hoje é um grande dia”, afirmou, emocionada, a jovem, que pertence ao povo Xukuru, cujas raízes estão em Pernambuco. Experiência completa À parte da abordagem crítica, ‘Resistência Cabocla’ dá conta de abordar temas atuais, como a precarização do trabalho e o marco temporal das terras indígenas, para evidenciar como fatos históricos repercutem ainda hoje. Além disso, explora os elementos da cultura baiana e até faz referências ao futebol local. Ao fim da apresentação, o cantor e compositor Tonho Matéria fez o público se levantar das cadeiras e se aproximar do palco com sucessos do Olodum. No céu, fogos de artifício pareciam anunciar que o dia de reviver a Independência se aproximava. Para João Caetano, 25, que estuda Teatro, a ocasião foi duplamente enriquecedora. “É uma oportunidade muito interessante ver o Bando de Teatro Olodum tomando conta do Campo Grande pra recontar a história da Independência da Bahia dando voz e foco pra outras narrativas e personagens”, contou o rapaz, que se disse marcado pela representação do orixá Exu durante a peça. ‘Resistência Cabocla’ integra a programação preparada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), por meio da Fundação Gregório de Mattos (FGM), para celebrar o Bicentenário da Independência. Para o prefeito Bruno Reis, o espetáculo é parte fundamental das comemorações do Dois de Julho. “Sem sombra de dúvidas, esse espetáculo valoriza a nossa história e a nossa cultura ao recordar essa data magna da Independência da Bahia, que completa 200 anos”, declarou Reis. O titular da Secult, Pedro Tourinho, destacou que o momento é de revisão histórica. “O Dois de julho, durante muitos anos, sempre foi super importante na Bahia. O Brasil enxergava por outro viés, ou nem enxergava. A gente vê Maria Felipa e Maria Quitéria; a história dessas heroínas sendo contadas no país inteiro, em escolas de samba e em outras plataformas”, afirmou. Segundo o presidente da FGM, Fernando Guerreiro, ter explorado o potencial do teatro também foi uma decisão acertada da gestão municipal. “É muito importante trazer o teatro para os eventos da prefeitura, ainda mais com um grupo consagrado, que tem 35 anos de trabalho. A intenção do espetáculo é mostrar que o povo foi fundamental para o Dois de Julho”, ressaltou Guerreiro. Responsável por emprestar a voz à narração que abre o musical, o ator e diretor baiano Lázaro Ramos fez questão de ver a estreia do Bando de Teatro Olodum, do qual é cria. “Fazia tempo que o Bando não estreava nenhum espetáculo, e eu acho que fui sortudo de estar aqui em Salvador para poder ver a primeira apresentação, porque o Bando tem uma voz muito importante para o nosso teatro”, comemorou o artista. Programação Depois da estreia, nesta sexta, ‘Resistência Cabocla’ volta a ser encenado no mesmo local, no sábado (1º), às 17h e às 19h. No dia 7, será a vez de o Espaço Cultural Boca de Brasa no Subúrbio 360 receber a peça. Do dia 10 ao dia 13, as sessões ali serão destinadas a estudantes de escolas municipais e seguidas de debate com a equipe técnica e o elenco. Todas as apresentações do musical, que tem apoio financeiro da prefeitura, serão gratuitas. O projeto Bahia livre: 200 anos de independência é uma realização do jornal Correio com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador.

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