A exploração da fé e da boa vontade dos homens terá de ganhar nova atualização em Salvador. Para quem não acompanhou o caso do golpe do Pix da Record TV/Itapoan, aqui vai um pequeno resumo: os programas populares da emissora exibiam pessoas vulneráveis pedindo ajuda, seja para comprar comida, seja para custear tratamentos de saúde. A audiência, mobilizada para ajudar, recebia um número de Pix para fazer as doações. Mas o dinheiro não chegava a quem estava ali pedindo ajuda, pois o a chave mostrada no vídeo pertenceria a um dos golpistas. Mas, para o bem de todos, inclusive de quem, pode estar sendo acusado ou preservado injustamente, o golpe está cada vez mais perto de ser esclarecido.
O esquema foi descoberto quando o ex-jogador do Bahia, Anderson Talisca, procurou a família de uma garotinha para quem tinha doado, via Pix fornecido pela TV, R$ 70 mil para um tratamento de câncer. O atleta queria saber do estado de saúde da menina e também buscar uma espécie de recibo para constar de sua declaração de imposto de renda. Os pais da menina disseram ao jogador que não recebeu nenhum recurso, que a filha havia morrido. Conhecedor da história, o empresário do jogador procurou o apresentador José Eduardo (Bocão) para fazer a denúncia.
“O mundo desabou na minha cabeça. Foi exatamente o que eu senti. Porque eu que descobri a situação, através do empresário do Talisca. E na hora ele me explicou, eu dizia: ‘não é possível, não são essas pessoas’. Fiquei três dias sem dormir, tentando acreditar que aquilo era um pesadelo, que era uma mentira”, disse o apresentador em entrevista ao podcast BahiaCast. Ainda segundo ele, a Record abriu uma investigação interna sobre o caso e levou a denúncia à polícia.
Não se sabe exatamente quando a fraude começou a ser aplicada, quantas vítimas foram feitas e quanto dinheiro foi desviado ou quantas e quais pessoas da TV sabiam e se beneficiavam do golpe. Essas são as perguntas que a investigação policial precisa responder. O trabalho está avançando, mais de 2º depoimentos foram tomados e 11 pessoas são investigadas. Nomes não são revelados, mas a emissora demitiu, nessa semana, por justa causa, o apresentador Marcelo Castro e o ex-editor-chefe do Balanço Geral, Jamerson Oliveira.
O advogado Victor Gurgel, que representa os jornalistas na esfera trabalhista, classificou a medida como “desproporcional”. “A demissão foi precipitada, sem a devida apuração e sem ouvi-los. Não houve nem procedimento interno com o contraditório e a ampla defesa”, afirmou.
Nessa semana, foi revelado também que a polícia levantou que colaboradores do balanço Geral, incluindo jornalistas, desviaram pelo menos R$ 800 mil em doações em pelo menos 15 casos. Em uma das fases da investigação, a Delegacia de Repressão aos Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber) fez uma varredura nos perfis virtuais dos suspeitos. Ao mesmo tempo, começou a rastrear movimentações financeiras atípicas e a periciar três aparelhos celulares apreendidos por ordem judicial.
Morte de baiana pode levar empresário argentino à prisão perpétua
As investigações sobre a morte da baiana Emmily Rodrigues, 26 anos, em Buenos Aires, no último dia 29, também estão adiantadas. Mas ainda há muito a se esclarecer, agora em um cenário em que o principal suspeito tenta manipular a seu favor, segundo afirmações de parentes da baiana que estão na Argentina acompanhando o trabalho da polícia. Uma de suas estratégias é difamar a baiana, acusando-a de ser usuária de drogas e possuir problemas mentais.
Francisco Sáenz Valiente, 52 anos, é empresário dos setores de mídia e agronegócios. Sua família é das mais influentes do país. Ele está preso. É suspeito de ter jogado Emmily da varanda de seu apartamento, no sexto andar de um edifício localizado em dos bairros mais caros da capital argentina. Ele também é famoso por dar festas barulhentas nesse local, sempre acompanhado de mulheres e música alta.
No dia 29 de março, vizinhos chamaram a polícia afirmando que uma mulher nua caiu de um dos apartamentos do prédio. A polícia ainda encontrou Emmily com vida, mas ela não resistiu aos ferimentos. Valiente foi preso naquele mesmo dia e desde então tenta usar de sua influência para convencer as autoridades sobre a veracidade de sua versão. Segundo ele, Emmily se atirou da varanda após ter um surto depois de usar drogas em seu apartamento.
A família da baiana contesta, acreditando que houve um assassinato. Laudo pericial aponta marcas de brigas no corpo de Emmily, um indicativo de que pode ter havido uma luta entre ela o empresário. Também foi divulgado a gravação de um telefonema dado por Valiente à polícia, quando ele pedia ajuda para “controlar” a baiana que, segundo ele, estava fora de si, como se “possuída”. Ao fundo, era possível escutar uma voz feminina gritar por socorro.
Se o crime foi constatado e Valiente responsabilizado, ele pode ser condenado a prisão perpétua.
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