Jorge Naime havia apresentado atestado para justificar ausência na CPMI, mas mudou de ideia e compareceu ao colegiado
Jefferson Rudy/Agência Senado
Jorge Eduardo Naime, coronel da PMDF, depóe na CPMI do 8 de Janeiro
Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, o coronel Jorge Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), afirmou que, no dia das manifestações, telefonou e enviou mensagem a Ricardo Cappelli, mas não foi atendido. A tentativa de contato, segundo o militar, aconteceu assim que Cappelli foi nomeado interventor da Segurança Pública do Distrito Federal (ou seja, após a invasão de prédios públicos na Praça dos Três Poderes). “De imediato, liguei para o Cappelli, que não me atendeu. Então mandei uma mensagem: ‘Dr. Cappeli, eu sou coronel Naime, estava de férias, sou o chefe de operações da PM, já estou no teatro de operações e estou à sua disposição’. Não recebi resposta dessa mensagem”, contou. O ex-chefe da PM diz que, no dia 8 de janeiro, foi tirado das férias e convocado para trabalhar durante as manifestações após receber ligação da assessoria do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. Ele disse ainda que, na mesma hora, recebeu a ligação de um assessor do governo federal, chamado Fernando Neto, que o orientou a mantê-lo informado sobre a operação na Esplanada. Segundo Naime, foi ele quem avisou sobre a nomeação do interventor e que passou o número de telefone de Cappelli.
Mais cedo, Jorge Naime havia apresentado atestado médico para se ausentar da sessão da CPMI, mas mudou de ideia de última hora. Questionado pela relatora, Eliziane Gama (PSD-MA), sobre o motivo do recuo, afirmou que o médico que o avaliou e assinou o atestado médico apresentado ao colegiado disse que qualquer alteração em sua rotina poderia acarretar problemas de saúde. Pela manhã, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), havia acatado parcialmente um pedido da defesa do ex-chefe da PM do DF, autorizando que ele pudesse ser ouvido na sessão acompanhado de seus advogados, além de poder exercer o direito de ficar em silêncio ao ser questionado pelos membros do colegiado. Naime está preso preventivamente desde fevereiro, acusado de omissão nos atos de 8 de Janeiro.