A facção criminosa Bonde do Maluco (BDM) que atua no bairro do Alto da Pombas, em Salvador, está proibindo a entrada de motoristas de aplicativo na região, desde o último domingo (22). De acordo com moradores, a ação tem o objetivo de impedir que integrantes do grupo rival Comando Vermelho (CV) se disfarcem de condutores para invadir e tomar o comando de pontos de venda de drogas.
A informação chegou aos motoristas de aplicativo após um condutor ser abordado por bandidos na entrada do Alto das Pombas, quando desembarcava uma passageira. Depois de ser ameaçada, a vítima, que não teve a identidade revelada pelos colegas de profissão ouvidos pelo CORREIO, enviou um áudio a um grupo de WhatsApp com dezenas deles, com o alerta.
A vítima inicia a mensagem de voz contando que teve armas do tipo metralhadoras apontadas para o seu rosto, próximo a um posto de gasolina. “Um ‘arrodeou’ o meu carro e fez: ‘oh vei, manobre o carro aí e encoste ali, que é para o morador descer e ir andando'”. contou, afirmando que os bandidos exigiram que ele repassasse a informação para todos os motoristas que ele conhece.
Depois de dizer que ficou em pânico com a situação, ele fez o alerta aos colegas descrevendo os armamentos pesados que os bandido possuíam. “Preste atenção quem está rodando de noite ou de dia. Repasse essa informação de que no Alto das Pombas os caras estão de metralhadora, de armamento pesado na entrada, logo na primeira curva após o posto [de gasolina], em pé naquele beco”.
Ainda segundo informações repassadas aos motoristas, a ação dos bandidos é motivada por uma disputa por pontos de vendas de drogas, que se intensificou após traficantes do Comando Vermelho do Nordeste de Amaralina terem invadido o Calabar, bairro próximo ao Alto das Pombas, e matado um criminoso chamado de “Da Roça”.
Questionada, a Polícia Civil informou que não divulga informações sobre a atuação de facções criminosas e destacou que realiza constantemente ações de combate à facções criminosas em parceria com diversos grupamentos policiais.
“Com apreensões de armas, drogas e valores, por meio de atividades do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), com apoio dos Departamentos de Inteligência Policial (DIP), de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP), de Polícia Metropolitana (Depom) e da Coordenação de Operações Especiais (COE)”, detalhou a PC.
A reportagem também entrou em contato com a Polícia Militar, que indicou a Polícia Civil e a 41ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) – responsável pelas ocorrências no Alto da Pombas. O CORREIO não conseguiu contato com o Sindicato dos Rodoviários, para saber sobre a circulação de ônibus.