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Familiares de jovens baleados no Nordeste vão à Corregedoria da PM

Familiares dois dois rapazes baleados durante uma operação policial no Nordeste de Amaralina, em Salvador, na noite da véspera de Natal, foram até a Corregedoria da Polícia Militar nesta terça-feira (27).

Marcelo Daniel Ferreira Santos, 19 anos, passou por uma cirurgia de emergência após ser baleado nas costas e continua entubado no Hospital Geral do Estado (HGE). Ele perdeu o baço e teve o fígado lesionado. O pedreiro Adeilton Santana, 34 anos, também foi baleado e passou por três cirurgias.

O pai de Adeilton, que tem o mesmo nome do filho, contou à TV Bahia que espera que a Corregedoria da PM entre em contato com o secretário de Segurança Pública da Bahia, Ricardo Mandarino, para que os policiais sejam melhor treinados para entrar nas comunidades.

“O comando já entra na comunidade em pânico. Eles [policiais militares] estão dando tiro na própria sombra. Qualquer movimento que o pessoal vê, eles já querem atirar. Agora, eles fizeram uma ação covarde, praticamente ficaram em tocaia”, desabafou Adeilton.

“Meu filho levou dois tiros nas pernas e nos braços e está praticamente imobilizado e está incapacitado para exercer a função dele, de pedreiro, que eu ensinei desde a adolescência”, disse.

Segundo testemunhas, os jovens foram baleados por policiais militares que chegaram atirando na localidade do Alto do Capim, no bairro do Nordeste de Amaralina, por volta das 20h30, no sábado (24). Os dois moram no lugar em que tudo aconteceu e estavam juntos, celebrando o Natal. 

Adeilton passou por uma cirurgia para conter a hemorragia provocada pelos ferimentos de bala e recebeu uma contenção de ferro no membro inferior. Ele também foi entubado, mas teve o respirador retirado nesta segunda (26). 

Apesar de acordado, a irmã dele, a assistente administrativa Daiane Santana Pereira, 31 anos, detalha que o rapaz ainda não fala e se alimenta por sonda. Além disso, precisará passar por mais duas cirurgias para recuperar os membros. 

Ainda não é possível determinar se Adeilton terá sequelas, só após os procedimentos. “Eles já chegaram atirando. Tinha mais de 20 pessoas na rua fazendo a confraternização, crianças também. [Meu irmão] é pedreiro”, ressalta Daiane. 

Já Marcelo Daniel, de acordo com o pai dele, o funcionário de serviços gerais, Ademario Ferreira dos Santos,  ainda necessita de transfusões de sangue, devido à gravidade do ferimento no abdômen.

“Estamos fazendo uma campanha entre os amigos para arrecadar o sangue que ele precisa, pode ser de qualquer tipo. Se você chegar aqui no Nordeste todos vão te dizer o menino bom que Marcelinho é. Não havia motivo para a polícia atirar nele, meu filho não é bandido”, ressalta Ademario.

Baleados
O pai de Marcelo conta que, na noite do incidente, policiais militares chegaram no Vale das Pedrinhas em uma viatura, estacionaram o veículo na região e seguiram andando para a Rua do Capim. Lá, chegaram atirando. Ele não estava no momento, mas vizinhos contam que o jovem levantou as mãos, em sinal de rendição e, mesmo assim, foi baleado.

Foi então que Ademário foi avisado por vizinhos que o filho estava caído no chão e correu para o local para vê-lo. “Ele estava jogado, perdendo muito sangue e os policiais se recusaram a dar socorro. Eu fiz uma agonia para que eles socorressem meu filho, mas só quando a mãe dele chegou, foi que eles pegaram Marcelinho e colocaram no carro. Eu fui com eles para o HGE”, conta Ademário.

Ainda segundo o pai de Marcelo, os rapazes só não receberam mais tiros, porque os vizinhos interviram alertando aos policiais de que eles não eram marginais. “Ele [Marcelo] joga nos times do bairro para ser jogador de futebol. [Ele] voltou recentemente de uma viagem para isso”, diz Ademario. 

A Polícia Militar (PM-Ba) não comentou as acusações dos moradores da localidade do Alto do Capim. Apenas informou, em nota, que estava fazendo uma ação de intensificação de policiamento na localidade de Serra Verde quando indivíduos armados foram flagrados por equipes da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT)/ Rondesp Atlântico, dando início a uma troca de tiros.

E completou dizendo que moradores informaram que havia um homem ferido em outra localidade, Alto do Capim, sem indicação de autoria ou circunstância, e socorrido ao Hospital Geral do Estado (HGE). Depois, continua a PM, uma equipe foi informada de um segundo baleado em um ponto conhecido como Cracolândia, também levado ao HGE.

Na manhã desta segunda-feira (26), familiares dos dois fizeram um protesto na Segunda Travessa Serra Verde, no Nordeste de Amaralina, desmentindo parte da versão dos policiais: a troca de tiros e a falta de indicação de autoria dos disparos contra os baleados no Alto do Capim. 

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