InícioNotíciasPolicialFeminicídio de baiana nos EUA aconteceu em meio a relacionamento conturbado

Feminicídio de baiana nos EUA aconteceu em meio a relacionamento conturbado

A baiana Nancy Howery Moreira, de 44 anos, que foi morta, esquartejada e queimada pelo namorado, Daniel Stearns, 33, em Orlando, nos EUA estava em um relacionamento de idas e vindas com ele desde 2021. É isso o que conta Aliana Alves de Souza, 65, que é madastra da vítima e teve participação na sua criação em Salvador, onde viveu em bairros como Brotas, Costa Azul e Pituba. 

Ela conta que, apesar do contato frequente com Nancy via redes sociais, não falava muito sobre o relacionamento dos dois com Nancy. No entanto, sabia da existência de Daniel e do namoro há dois anos, quando a vítima compartilhou uma foto com ele e explicou que estavam juntos.”A primeira vez que recebi a foto dele foi em 2021 junto com Nancy e ela me disse que era namorado. Eles tinham um relacionamento, mas sempre terminavam e voltavam, de idas e vindas mesmo. Não era um relacionamento com sequência”, conta ela, lembrando as separações.

Mesmo sabendo que os dois se separavam e retomavam o namoro diversas vezes, a madastra conta que não conhecia a relação o suficiente para saber se havia violência, até porque a última vez que visitou Nancy foi em 2016. Porém, destaca que ouviu de uma conhecida que ele não parecia ser ‘boa coisa’.

“Não sei se o namoro era conturbado, se tinha violência, agressões ou ameaças. Uma conhecida encontrou o perfil dele e disse que era uma pessoa complicada, no sentido de perigo. Porém, não o conheço pessoalmente e nem sabia como era a relação”, afirma Aliana.

Repercussão

A situação chocou a Flórida, estado onde está localizada a cidade de Orlando, e, principalmente os amigos de Nancy. Ela administrava o grupo ‘Brasileiros e suas experiências pelo mundo’, no Facebook. Por lá, pessoas deram a notícia do falecimento de Nancy. A reportagem tentou chegar até alguns dos integrantes para saber se conheciam o assassino e a relação dos dois, mas não teve retorno até o fechamento da matéria.

O Ministério das Relações Exteriores, conhecido como Itamaraty, também foi procurado para informar se vai tomar alguma ação quanto ao caso e o número de brasileiras mortas fora do país em 2022 e 2023. Através de nota, reforçou que dá todo apoio aos familiares da vítima. “O Itamaraty, por meio do Vice-Consulado do Brasil em Orlando, permanece à disposição para prestar a assistência cabível aos familiares da nacional brasileira, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local”, escreve. 

O Ministério destacou também que informações detalhadas poderão ser repassadas somente com autorização dos familiares diretos. Por isso, não  fornece dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros. A família destacou que as cinzas de Nancy serão lançadas ao mar na Bahia, mas não informou se o corpo será cremado nos EUA e nem quando isso acontecerá.

Quem era Nancy?

Apesar de ter nacionalidade brasileira Nancy nasceu em Boston, nos EUA. Ainda pequena para Salvador, onde foi criada e estudou. Ela voltou aos Estados Unidos n ano 2000 e se casou, tendo dois filhos – uma menina de 12 anos e um menino de 9 -, que ficaram sob a guarda do pai. A mãe de Nancy mora no Texas, mas seu pai morreu em 2015, na última vez que veio ao Brasil.

Aliana conta que, por um tempo, Nancy morou na Califórnia, região oeste dos EUA, com o ex-marido e os filhos, mas acabou se separando e mudando de cidade, indo para Orlando, na costa leste.

“Com o passar do tempo, ela acabou pedindo divórcio. Como o ex-marido era muito apegado às crianças, também se mudou para lá, só que para uma casa diferente”, explica a madrastra. 

Ao longo do período que esteve lá, a baiana trabalhou com venda e corretagem de imóveis. No primeiro momento, com o ex-marido. Depois da separação, seguiu o caminho sozinha. Ela investia em imóveis e atuava no mercado imobiliário com corretagem. Até trabalhou em uma empresa, mas, depois que os filhos nasceram, preferiu se dedicar a eles e não ‘trabalhar fora’.

Relembre o caso

A polícia do condado de Brevard, na Flórida, EUA, encontrou o corpo da baiana Nancy Howery Moreira, de 44 anos, esquartejado e carbonizado na última sexta-feira (10). Daniel Stearns, 32, namorado de Nancy, foi preso em flagrante tentando enterrar os restos mortais da vítima. Segundo informações do jornal local ‘Space Coast Daily’, Nancy foi dada como desaparecida na praia de Indian Harbor Beach, cidade na Flórida, em 18 de fevereiro de 2023. A investigação começou após o desaparecimento, e, à medida que o caso progredia, Daniel passou a ser apontado como suspeito.No início da manhã do dia 9 de março, o suspeito foi visto saindo de sua casa e indo para uma área de matagal em Palm Bay, região conhecida como “The Compound”. Enquanto estava na área, Daniel foi observado tentando descartar evidências. 

Os agentes e investigadores da cena do crime vasculharam a área e encontraram os restos humanos. Testes forenses adicionais precisarão ser feitos para determinar a identidade da vítima, mas a polícia já confirmou que os restos são do corpo da baiana de Salvador. Até o momento, a investigação revelou que Daniel e Nancy estavam em um relacionamento e em 15 de fevereiro de 2023, o último dia em que ela foi vista com vida, eles se envolveram em uma discussão.

Durante a discussão, Daniel teria atirado em Nacy, o que resultou em sua morte. Nos dias seguintes ele desmembrou e queimou o corpo, enterrando os restos mortais em vários locais diferentes. Daniel enfrenta acusações de assassinato em segundo grau, adulteração de provas e mutilação de um cadáver. Ele está atualmente detido no Brevard County Jail Complex sem direito a fiança.

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