Um paciente de sem as duas pernas e usando uma sonda foi encontrado sozinho na calçada, sob o sol e sem nenhuma assistência, na última segunda-feira (10), na frente do Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio. Por conta da situação, seis funcionários foram demitidos e outros 14 sofreram medidas disciplinares. “Nós o encontramos um pouco mais longe da porta do hospital. Os lojistas que estavam lá contaram que os maqueiros falaram que iam deixar em um lugar mais distante para não dar problema para eles. Acontece que a gente que levou ele para a porta. Ele estava de fralda, de sonda, sem condições de resolver nada. Deixaram ele ali podendo pegar uma infecção generalizada, sem amparo”, relata a professora Tatiana Cristina de Almeida Borges, de 44 anos, ao Globo. Ainda de acordo com Tatiana, o homem contou a assistente social do hospital “não poderia fazer mais nada por ele”, pois estava ocupando um leito e, por isso, foi deixado na rua. “Eu fiquei indignada com aquilo tudo, então procurei a coordenação do hospital. Eles me falaram que ele não queria ligar para a família e foi uma escolha dele ir embora. Porém, o homem me contou que a assistente social disse que não poderia fazer mais nada por ele e que ele estava ocupando o leito de uma pessoa que precisava. Sendo assim, ele só falou que poderiam tirá-lo dali. Acontece que ele claramente não poderia ser deixado daquele jeito no meio da rua, jogaram feito um lixo’, contou Tatiana Cristina ao Globo. Por conta da repercussão que gerou na região, o homem foi levado novamente para um leito da unidade. Em nota, o Hospital Municipal Pedro II informou que tentou buscar uma instituição de acolhimento para recebê-lo, quando outros funcionários atenderam ao pedido do usuário para ser levado para fora, pois ele se negava a permanecer no hospital, informando que teria alguém para buscá-lo. Confira o comunicado na íntegra: “A direção do Hospital Municipal Pedro II informa que o homem foi deixado no hospital por um abrigo de Búzios, sem qualquer indicação de atendimento médico no momento. O Serviço Social tentava articulação com uma instituição de acolhimento para recebê-lo, quando outros funcionários atenderam ao pedido do usuário para ser levado para fora, pois ele se negava a permanecer no hospital, informando que teria alguém para buscá-lo. Ao ser observado que não havia ninguém para buscá-lo, mesmo contra a vontade do usuário, a unidade o mantém sob guarda, até que o Serviço Social consiga encaminhá-lo para uma instituição de acolhimento, uma vez que não tem familiares próximos para recebê-lo”. O secretário municipal de Saúde Daniel Soranz classificou a situação como “gravíssima” e que necessitava de “punição exemplar para que não se repita”. O paciente está internado em uma unidade de baixa complexidade e aguarda vaga em um abrigo público.