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Golfinhos no front: inteligência animal a serviço militar gera debate sobre abuso

Golfinhos são conhecidos por sua inteligência e sociabilidade. Além de encantadores pela simpatia, esses mamíferos marinhos também são treinados para missões militares que exigem habilidades especiais, como a defesa de instalações nucleares nos EUA – prática que tem sido cada vez mais combatida por entidades de proteção animal.

O que você vai ler aqui:

  • Desde os anos 1960, golfinhos são treinados pela Marinha dos EUA para operações militares, como vigilância e remoção de minas;
  • A habilidade de ecolocalização desses mamíferos permite detectar ameaças em águas onde tecnologias humanas são ineficazes;
  • O Programa de Mamíferos Marinhos da Marinha (NMMP) mantém 85 golfinhos e leões-marinhos em serviço para proteger instalações estratégicas;
  • A Rússia também utiliza mamíferos marinhos em operações militares, principalmente depois da anexação da Crimeia, há 10 anos;
  • Organizações de defesa animal criticam as condições de cativeiro e o uso dos golfinhos em missões de risco.
Golfinho em exercício para testar a prontidão antiterrorista das instalações portuárias. Crédito: Pierre G. Georges / Dolphins and You / Creative Commons

Golfinhos são usados em funções militares há mais de 60 anos

O uso de golfinhos por forças armadas começou na década de 1960, quando a Marinha dos EUA iniciou estudos sobre as capacidades físicas e sensoriais desses animais. Embora várias espécies marinhas, como tartarugas, aves e tubarões, tenham sido testadas, apenas os golfinhos e leões-marinhos demonstraram potencial para cumprir as exigências. 

Então, foi criado o Programa de Mamíferos Marinhos da Marinha (NMMP), para treinar os golfinhos, que passaram a realizar tarefas como carregar câmeras, localizar mergulhadores inimigos e recuperar minas submarinas.

Durante a Guerra do Vietnã, a vigilância na Baía de Cam Ranh era feita por golfinhos, que protegiam as embarcações militares. Anos depois, no Golfo Pérsico, animais desse tipo ajudaram a escoltar petroleiros e remover minas. Já em 2003, participaram da limpeza do porto de Umm Qasr, no Iraque, em apoio às forças da coalizão.

Golfinho-nariz-de-garrafa em cativeiro nas instalações de treinamento da Marinha dos EUA. Crédito: Naval Under Sea Museum

A eficácia dos golfinhos se deve à sua ecolocalização – habilidade de emitir cliques e interpretar os ecos refletidos por objetos submersos. Essa técnica permite que eles detectem minas e ameaças em águas rasas ou turvas, ambientes onde tecnologias humanas enfrentam dificuldades. Além disso, podem mergulhar a grandes profundidades sem sofrer os riscos fisiológicos que afetam os mergulhadores humanos.

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Rússia intensificou uso militar desses animais após conquista da Crimeia

No entanto, críticos e defensores dos direitos animais questionam as condições em que os golfinhos são mantidos durante as funções militares e a coerção a que são submetidos para cumprir missões em ambientes perigosos.

Atualmente, cerca de 85 golfinhos e leões-marinhos treinados pelo NMMP continuam em serviço nos EUA. A Rússia também mantém um programa similar, intensificado após a anexação da Crimeia, em 2014, quando assumiu o controle dos golfinhos militares ucranianos.

Recentemente, uma beluga foi vista na Noruega com um suporte para câmera, supostamente treinada pela Rússia. A baleia, que interagia com humanos, foi encontrada morta em agosto de 2023, sem causa esclarecida.

Embora o futuro desses programas seja incerto, o uso de golfinhos em operações militares permanece uma realidade, com cerca de 25% do arsenal nuclear dos EUA sob proteção deles, levantando dilemas sobre ética e exploração animal.

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