A Via Láctea tem como vizinhas as galáxias anãs Grande Nuvem de Magalhães (LMC) e Pequena Nuvem de Magalhães (SMC), que são gravitacionalmente vinculadas a ela, sendo, por isso, consideradas seus satélites.
Em galáxias típicas, as estrelas se concentram no centro, formando um núcleo brilhante. À medida que se afasta do centro, a densidade estelar diminui e eventualmente desaparece. No entanto, além das estrelas visíveis, existe um halo de gás, poeira e estrelas errantes que se estende muito além dos centros galácticos. Esse fenômeno também ocorre na LMC e na SMC.
O que você vai ler aqui:
- As galáxias anãs Grande e Pequena Nuvem de Magalhães são satélites gravitacionais da Via Láctea;
- O halo de gás e poeira tipicamente encontrado em galáxias também está presente na LMC e na SMC, mas o da LMC é menor;
- Cientistas apontam que a Via Láctea pode ter “sugado” material da LMC no passado;
- A LMC ainda tem gás suficiente para formar novas estrelas, apesar de ter perdido grande parte de seu material nessa interação;
- Usando observações do Hubble, os pesquisadores analisaram o halo da LMC e descobriram detalhes sobre sua composição e velocidade.
Interação galáctica é analisada em dados do Hubble
Um novo estudo, realizado com base em observações ultravioletas do Telescópio Espacial Hubble, da NASA, revelou que o halo da LMC é significativamente menor do que o esperado para galáxias de massa semelhante. Isso sugere que a Via Láctea teria “sugado” parte do material da LMC no passado, provavelmente durante uma interação gravitacional.
Andrew Fox, principal autor do artigo (já aceito para publicação pelo periódico científico The Astrophysical Journal Letters e disponível em versão pré-impressão no repositório online arXiv, descreve a Grande Nuvem de Magalhães como uma “sobrevivente”.
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Em um comunicado, ele explicou que, apesar de ter perdido grande parte de seu gás devido à interação com a Via Láctea, a LMC ainda possui o suficiente para continuar formando novas estrelas. Caso não tivesse retenção de gás, a galáxia teria se tornado uma coleção de estrelas antigas e vermelhas, incapaz de gerar novas estrelas.
Segundo a pesquisa, a LMC conseguiu preservar uma “bolha compacta” de material essencial para a formação estelar. A preservação de uma fração de seu halo, cerca de 10% de seu material original, foi possível devido à sua alta massa, que a ajudou a manter parte do gás mesmo após a interação catastrófica com a Via Láctea.
“Roubo” de material pela Via Láctea pode esclarecer evolução da galáxia
Com capacidade de detectar luz ultravioleta, o Hubble foi crucial para esse estudo, permitindo aos pesquisadores observar o halo da LMC usando a luz de fundo de 28 quasares brilhantes, atuando como “faróis”. Ao analisar como essa luz era absorvida pelo gás no halo da galáxia, os pesquisadores conseguiram obter informações sobre sua composição, temperatura e velocidade.
Para estudar o halo, a equipe utilizou o instrumento Espectrógrafo de Origens Cósmicas (COS), instalado no Hubble, que permitiu a decomposição da luz dos quasares em seus comprimentos de onda componentes. Essa análise ajudou a revelar detalhes cruciais sobre a natureza do gás no halo da LMC, fornecendo uma visão mais precisa sobre como ela interage com a Via Láctea.
Essas descobertas ajudam a entender a evolução das galáxias ao longo do tempo e como fatores como a gravidade podem influenciar sua formação e destruição. Os próximos passos dos pesquisadores incluem investigar o halo da LMC de um ângulo diferente, focando na região onde ele colide com o halo da Via Láctea, com o objetivo de aprender mais sobre as interações galácticas.
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