O ex-médico Lauro Estevão Vaz Curvo (foto de destaque), preso na noite desta sexta-feira (14/6) pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), já havia sido detido em maio de 2023. Lauro passou a ser investigado após sua mãe, Zely Alves Curvo, 94 anos, morrer em um incêndio no apartamento em que morava, em Águas Claras, no mês passado. A idosa estava sozinha em casa no momento do incidente.
Em maio de 2023, Zely estava internada no Hospital Militar da Área de Brasília (Hmab) devido a um acidente vascular cerebral que havia sofrido quatro meses antes. A unidade deu alta para a idosa, mas Lauro se recusava a levá-la para casa. O homem se exaltou, a polícia foi acionada e ele terminou detido.
Os familiares de Zely – um outro filho, que mora em Cuiabá-MT; e uma irmã e uma sobrinha-neta, que vivem em São Paulo – souberam da prisão à época através de notícias. Neste momento, eles chegaram a se organizar para buscar a idosa em Brasília, mas não o fizeram por medo de Lauro. Segundo consta na perícia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), os parentes classificavam o homem como “uma pessoa agressiva e sem limites, que sempre gerou conflitos com familiares e vizinhos, tal como ocorreu no hospital”.
Eles diziam ainda que Zely morava sozinha até o fim de 2021, quando Lauro levou a mãe para o apartamento em Águas Claras e teria restringido contato com a família, trocando de celular e desativando o telefone fixo que os parentes distantes tinham acesso.
Incêndio em apartamento Zely morreu após o apartamento em que ela morava pegar fogo. O incêndio ocorreu no Residencial Monet, em Águas Claras, no dia 31 de maio. Segundo o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), a idosa era acamada e vivia com o filho no apartamento. No momento do incidente, o homem não estava no local.
Assim que chegou ao local, a equipe de socorro verificou que havia muita fumaça e as chamas ainda eram visíveis. O incêndio foi confinado, ficando restrito ao quarto. A ação rápida evitou que o fogo se propagasse. No interior do cômodo, foi encontrado o corpo carbonizado da idosa.
Ainda não é possível definir se o incêndio que matou Zely ocorreu de forma criminosa ou não. A 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) investiga o caso.
Cassação por abuso Lauro Estevão Vaz Curvo é médico ginecologista. Ele foi condenado em primeira e segunda instâncias após ser acusado por duas pacientes de tocá-las indevidamente durante exames clínicos, entre 2009 e 2010, no Centro de Saúde nº 1, em São Sebastião. À época, uma delas tinha 17 anos e estava grávida. Ele também teve o registro cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF).
Em 2013, Lauro recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que, três anos depois, reduziu a pena de seis anos e seis meses para cinco anos e 11 meses. O registro junto ao CRM-DF, no entanto, continuou cassado.