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Inclusão, visibilidade e esporte: Festival reúne crianças e jovens com deficiência em Salvador

Com objetivo de fazer mais inclusão das crianças e adolescentes de Salvador que tem deficiência, ocorreu neste sábado (20), o Festival Paralímpico Caixa 2023, na faculdade Unijorge, onde foi criado o primeiro Centro de Referência Paralímpico da Bahia, projeto em parceria com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

O evento, gratuito, já é realizado na capital há seis edições, que ocorriam na Universidade Federal da Bahia (Ufba) e na Associação Atlética da Bahia, na Barra. Em junho de 2022, a Unijorge passou a ser o local para ocorrer os festivais, que já desenvolviam atividades para as pessoas com deficiência de 7 a 17 anos.

Na programação, eles fizeram quatro modalidades esportivas paralímpicas: bocha, vôlei sentado, futebol de 5 e Goaball.

Para o professor da instituição, Wilson Nascimento, que estava coordenando o festival neste sábado (20), esse evento é importante para que ocorra mais inclusão entre as famílias que têm pessoas com deficiência, principalmente na Bahia, já que, para o educador, ainda há um deficit muito grande de integração.

“É inegável que a gente desfrutado de um avanço dentro do oferecimento das atividades práticas, mas o processo histórico de negação e exclusão é tão absurda, porque temos o estado com a dimensão tão gigante, que as ações que são feitas, são bem pequenas. (…) Todas essas pessoas estão buscando espaços e tendo consciência de que tem direito”, diz.

(Iuri Nascimento (à esquerda) e Wilson Nascimento (à direita) / Foto: Brenda Viana – CORREIO)

A falta de espaço para atividades físicas de pessoas com deficiência também foi comentada por Maria Cristina Guimarães, fundadora e presidente da Associação Baiana de Equoterapia (Abae), instituição sem fins lucrativos e não governamental que ajuda pessoas com deficiência em terapias através de cavalos. 

Para ela, mãe de um deficiente, o cenário das atividades físicas são importantes para o desenvolvimento das crianças e adolescentes. 

“Este evento traz o cenário da inclusão social das pessoas com deficiência destacando, o papel do esporte na vida das pessoas. (…) O que nós queremos na Bahia é fazer uma revisão desses conceitos, de uma reflexão para os nossos gestores públicos do estado, das prefeituras que possam ter uma parceria, que a gente consiga fazer com que essa inclusão desse cenário aconteça”, comentou.

O filho de Maria Cristina, Yuri Guimarães Brito, de 42 anos, nasceu com paralisia cerebral, mas não se limitou devido à deficiência. Publicitário, pós-graduação em Política e Estratégia, Yuri entende que ainda há um caminho muito longo para que ocorra mais inclusões, mas que o evento é importante para a integração. 

“Esse evento é importante porque, além da interação, é uma inclusão para que a sociedade veja que a gente também tem potencial para enfrentar as diversidades e as dificuldades da vida”, disse. 

Yuri Guimarães, deficiente cerebral (Foto: Brenda Viana / CORREIO)

E falando em dificuldades, a mãe da adolescente Deborah Correia de Souza, a dona de casa Mariluce Correia de Souza, entendeu que a vida não seria tão fácil ao descobrir o autismo da filha quando a menor tinha quatro anos. 

No entanto, conseguiu mostrar que, com a ajuda de profissionais, poderia dar uma vida tranquila à jovem de 12 anos. As atividades físicas também foram importantes para o desenvolvimento intelectual de Deborah, que hoje estuda em uma escola regular.

“Eu vejo de grande valia, principalmente para o coração de uma mãe atípica ver a sua filha sendo incluída no festival desse tão abrangente, que cuida de todas as crianças, não só autismo, mas também todas as crianças com todas as necessidades. Isso é muito bom para a gente sentir essa inclusão aqui da universidade”.

Mariluce Correia e Deborah Correia (Foto: Brenda Viana / CORREIO)

O coordenador dos cursos de educação física da Unijorge, Iuri Nascimento, reforça que o evento não é uma ação isolada e faz parte de um calendário de outros projetos que a universidade, junto com o CPB para ajudar as pessoas com deficiência. 

Segundo Iuri, com a aprovação do comitê ano passado para concretizar o primeiro Centro de Referência da Bahia, a universidade passou a desenvolver atividades com algumas modalidades paralímpicas. 

“Hoje nas unidades (Salvador e Itaparica), atendemos mais de 200 crianças e adolescentes nas três modalidades, e queremos também ampliar o evento com voluntários e o corpo técnico para, assim, atender um público ainda maior no próximo ano”, explica.
 

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