InícioEntretenimentoCelebridadeInstituição conecta música e educação para facilitar aprendizado de pessoas com deficiência

Instituição conecta música e educação para facilitar aprendizado de pessoas com deficiência

Para a melodia de uma música, não existem barreiras. No Projeto Música Brasileira do espaço de educação multidisciplinar, Via Ponte, localizado no bairro de Jaguaribe, em Salvador, além de alegrar quem escuta, os ritmos musicais são usados como instrumento para o desenvolvimento de crianças, adolescentes e adultos com deficiência. 

Nesta quarta (26), em uma das atividades do projeto, os alunos assistidos na instituição, receberam a visita do vocalista da Timbalada, Buja, e do percussionista Anderson Silva, mais conhecido como Capacete, para aprender com os ritmos da axé music e do samba-reggae. O objetivo é facilitar o aprendizado sobre a cultura brasileira.

Uma delas, é o Carnaval. Apaixonado por música, Daniel Pereira Quaglio, de 19 anos, caiu na dança quando os artistas apresentaram a música “Água Mineral” da Timbalada. Ele é diagnosticado com Autismo e Deficiência Intelectual Moderada, e tem encontrado nas melodias, o combustível para o sucesso do seu tratamento. 

Daniel também conheceu o ritmo dos tambores do Olodum durante a atividade do projeto. Segundo ele, o grupo percussivo entrou para sua lista de bandas e cantores favoritos. No pódio, já figura outro artista, o músico Alceu Valença. A revelação foi feita pelo pai do jovem, o aposentado José Henrique Pinheiro Quaglio, de 56 anos. Para ele, a iniciativa da Via Ponte é terapêutica. “O deixa calmo e feliz. Ele tem adoração pela música”, afirmou. 

A prova de que a axé music e o samba-reggae realmente contagia, é que Bruna Guerra, de 23 anos, também assistida na instituição, pouco se importou com o pé imobilizado e levantou para dançar com os colegas, do jeito que dava. Se nem a esclerose tuberosa – doença causadora de tumores benignos, que pode afetar diversos órgãos, especialmente cérebro, coração, olhos, rins, pele e pulmões – foi capaz de pará-la, era de se imaginar que o gesso também não seria.

A razão, segundo a mãe dela, Cristiana Guerra, 59 anos, é que Bruna é movida por música.
“Na hora de dormir, é música. Às vezes, quando há um incomodozinho, ela pede para cantarmos uma música. Grande parte da evolução da fala dela, eu associo a esse lado musical. Eu acho que tudo que é feito desse lado da música e dos instrumentos, estimula e favorece. [Mas é] principalmente alegria”, contou. 

A inclusão também é outro efeito que aparece quando a música é conectada às práticas de aprendizado. Para Bruna Câmara, de 26 anos, que integra o grupo de 170 pessoas, assistidas na Via Ponte, as atividades têm sido uma oportunidade de participar de todas as fases de uma produção artística, desde a preparação, até a culminância. O que não acontecia em outras escolas onde ela estudou.

Ela, que é diagnosticada com Síndrome de Down, além de ouvir o que os artistas tinham a dizer e assistir a apresentação deles, também pôde cantar junto. Segundo a mãe dela, a nutricionista Ioni Câmara, não é de hoje que Bruna considera as canções como um guia. “Quando eu queria fazer alguma coisa com ela, inventava uma música e ela embarcava no que precisávamos fazer. A música é muito importante para a vida dela. Bruna faz aula de violão, de canto, sempre muito empenhada. Eu acho que é a arte que salva os nossos filhos”, afirmou.

A coordenadora da Via Ponte, Brisa Alcântara, compartilha da mesma ideia. Por isso, além dos artistas Buja e Capacete, também convidou para participar da atividade a  banda percussiva voltada especialmente para pessoas com deficiência, Batuque do Amor, regida pelo professor Marcos Muzenza.  

“Enquanto educadores, no universo da inclusão social, podemos e devemos utilizar em nossa atuação esse recurso [musical]. Além de ser apontado em estudos, percebemos na prática do nosso dia-a-dia, que a pessoa com deficiência demonstra uma resposta extremamente satisfatória quando a música é utilizada como recurso terapêutico e pedagógico”, destacou a coordenadora da instituição.

O projeto vai até o final do ano. Segundo explica Brisa, até lá, os alunos estudarão cinco gêneros musicais.  No final do ano, será realizado o Festival de Artes, para marcar a culminância do trabalho realizado ao longo do ano. Todas as linguagens artísticas – dança, teatro, percussão, canto e capoeira – darão vida a um espetáculo musical.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela
 

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