Ex-secretário da Receita Federal, Júlio Cesar Gomes negou interferência no órgão para liberação das joias sauditas apreendidas no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Os objetos, que seriam um presente do governo da Arábia Saudita para o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e a então primeira-dama Michelle (PL), são avaliados em cerca de R$ 16,5 milhões. Os diamantes foram detidos na alfândega em outubro de 2021, quando uma comitiva do governo federal tentou entrar ilegalmente com os objetos no Brasil.
Em nota, Júlio diz que o ofício emitido em dezembro de 2022 pelo ajudante ordens do ex-presidente, tenente-coronel Mauro Cid, “não tinha como objeto a sua liberação a quem quer que seja, mas a doação pela Receita Federal para a incorporação dos itens à documentação histórica, órgão da Presidência da República”. Gomes foi nomeado adido na Embaixada do Brasil em Paris.
No documento, consta a relação de itens a serem retirados da Alfândega do Aeroporto de Guarulhos: as joias, compostas por colar, par de brincos, anel e relógio de pulso da marca Chopard, além de uma miniatura ornamental de um cavalo. No ofício, Mauro Cid diz que autoriza que os bens sejam retirados pelo representante Jairo Moreira da Silva.
Júlio César foi nomeado secretário da Receita após a demissão de José Barroso Tostes Neto, que era servidor de carreira e comandava a pasta. A demissão ocorreu um mês após a apreensão das joias, intervalo de tempo no qual Bolsonaro tentou recuperá-las quatro vezes. Gomes era pessoa próxima da família do então presidente. Segundo o Estadão, o secretário tentou diversas vezes liberar as joias.
De acordo com Júlio, ficou entendido que a entrega das joias à Presidência só poderia ocorrer através de solicitação da Secretaria Especial de Administração. “Ainda no dia 30 de dezembro, comuniquei a decisão à autoridade signatária do ofício, antes de minha designação como adido. Dessa forma, o ato formal para a destinação de mercadorias –ADM– sequer foi iniciado. Reitero meus elogios à equipe do aeroporto de Guarulhos, devidamente externados à época”, afirma o ex-secretário.
Sobre o militar enviado por Bolsonaro a Guarulhos para recuperar as joias, no dia 29 de dezembro, Júlio alega que apenas informou ao servidor público designado que a incorporação dos itens ainda estava em análise e, portanto, não ocorreria naquela data.