A Polícia Federal indiciou nesta sexta-feira (8), o empresário e ex-coach Pablo Marçal (PRTB), candidato derrotado à prefeitura em São Paulo, pelo crime de uso de documento falso, após o empresário apresentar um laudo falso contra o adversário Guilherme Boulos (Psol) na antevéspera do primeiro turno na capital paulista.
Marçal chegou ao prédio da Superintendência Regional da PF em São Paulo por volta das 11h20 desta sexta-feira e prestou depoimento por cerca de três horas. Marçal, em seu depoimento, negou qualquer envolvimento no episódio, afirmando que o suposto documento foi postado pela sua equipe.
O QUE DIZ A FAMÍLIA DO MÉDICO?
No dia 7 de outubro, a perícia da PF concluiu que a assinatura do médico José Roberto de Souza no documento, que apontava que o candidato do Psol havia sido internado por um episódio de surto após consumo de cocaína, era falsa. Peritos compararam várias assinaturas do médico ao longo dos anos e constataram que a assinatura presente no documento não poderia ter sido feita por ele.
Souza faleceu em 2022 e, segundo a sua filha Aline Garcia Souza, o pai nunca trabalhou na clínica Mais Consulta, apontada como a responsável pelo laudo e que jamais realizou atendimento clínico de pessoas com dependência química. Aline possui uma tatuagem com a assinatura do pai e afirma que esta difere muito da apresentada no documento.
Outra filha do médico, Carla Maria de Oliveira e Souza, protocolou uma ação contra Marçal no dia 5 de outubro. No documento, a mulher pediu a inelegibilidade de Marçal “a título de urgência”. Ela ainda aponta que o pai jamais trabalhou na cidade de São Paulo e que, à época do suposto laudo, ele não atendia mais, por questões de saúde.
DONO DA CLÍNICA JÁ FOI CONDENADO PELO MESMO CRIME
Luiz Teixeira da Silva Júnior, dono da clínica Mais Consultas, empresa que aparece no laudo, afirmou no dia 6 de outubro que nunca atendeu o deputado do Psol e negou ter participado da elaboração do documento.
Silva, no entanto, já foi condenado por falsificar diploma de curso de medicina e ata de colação de grau. Em sua conta no Instagram, que foi desativada após o início das investigações, ele se apresentava como patologista clínico, perito judicial e escritor. Além disso, aparecia ao lado de famosos, inclusive de Marçal.