Convidada para uma audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados (CMADS), nesta quarta-feira, 24, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, se esquivou de responder sobre a evolução das obras da BR-319, cuja conclusão se arrasta há décadas na Amazônia e foi motivo de embate da então petista com a primeira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Junto ao desgaste causado pela conclusão de Belo Monte, este fato culminou na sua ruptura com o partido e mobilização para a criação da Rede Sustentabilidade. “A BR-319… É que eu não tenho o costume de ser irônica. Se fosse um processo fácil, é possível que já tivesse sido feito. Começando pela avaliação dos técnicos do Ibama, sem que eles tenham que ser pressionados para A ou para B, e respeitada a sua posição técnica.[…] É um empreendimento de alta complexidade. Eu diria para o senhor: eu sei a demanda, eu vivi isso no meu Estado”, declarou Marina Silva.
A ministra havia sido questionada pelo deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) sobre o atual projeto do MMA para combater o desmatamento e também acecrca da garantia do avanço das obras da BR-319.”Como essas estratégias se conectam com as tentativas de conclusão do asfaltamento da BR-319? O asfaltamento pode resultar na alta do desmatamento, mas o abandono da estrada não pode servir como uma política de combate ao desmatamento. Como o Ministério do Meio Ambiente pretende atuar em conjunto para intensificar o combate ao desmatamento e os investimentos nesse caso?”, perguntou o parlamentar.
O tema é motivo de interesse dos políticos locais, uma vez que a promessa de conclusão da BR-319 é retomada a cada eleição como compromisso de campanha. Em janeiro deste ano, o ministro dos Transportes, Renan Filho, disse que as obras na BR-319 estavam em análise, mas autorizou a reconstrução de duas pontes que desabaram numa região próxima a Manaus, capital do Amazonas. Durante a audiência, Marina Silva se limitou a dissertar sobre a complexidade do assunto, mas não explicou de que forma o governo federal irá finalizar as obras da rodovia e o combate ao desmatamento na região. Além de não responder, a ministra informou dados equivocados sobre o desmatamento, ao justificar que houve queda de 40% no desmatamento na região amazônica no primeiro quadrimestre deste ano, quando dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) apontam que esta redução ocorreu em 36% em relação ao mesmo período.