O Metrópoles recebeu nesta terça-feira (29/10) a diploma de menção honrosa do Prêmio Vladimir Herzog, um dos mais prestigiados do país.
A solenidade de premiação aconteceu em São Paulo e repórter Isadora Teixeira representou a equipe que apurou, editou, ilustrou, revisou e desenvolveu a reportagem Gigante Pela Própria Imundice. O trabalho disputava a categoria Produção Jornalística em Multimídia.
“É com muita honra que eu recebo essa menção honrosa. Eu e meu parceiro do Metrópoles Igo Estrela percorremos mais de 11.000 km de norte a sul do país, do Oiapoque ao Chuí, para dar voz as pessoas que suplicam por serem ouvidas. Não existe dignidade em uma casa sem esgoto”, disse a jornalista.
Trabalhos de importantes veículos nacionais também concorriam ao troféu – a InfoAmazônia venceu a categoria, e a Folha de S. Paulo também estava na disputa.
“Me chamou atenção que essa ampla reportagem de campo sobre saneamento foi feita por uma única dupla de repórter e fotógrafo, mostrando um trabalho exaustivo e incansável. Sabemos como é difícil em um portal de notícias escapar do imediatismo das hardnews e isso deve ser louvado e incentivado. Quero destacar o trabalho primosoro dessa repórter, Isadora Teixeira”, disse a relatora Tatiana Farah, gerente de comunicação da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
A repórter Isadora Teixeira e o fotojornalista Igo Estrela viajaram por estados de quatro regiões do Brasil (Amapá, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul) para mostrar a realidade da população que vive sem saneamento. A equipe encontrou brasileiros que moram em apartamento, casa de alvenaria e palafitas que não têm acesso a esgoto dentro de casa. É difícil acreditar que em 2024 há pessoas que, por causa da ausência do Estado, precisam criar gambiarras com mangueiras e usar baldes para abastecer com água a cozinha e o banheiro.
A equipe de arte formada por Gui Prímola e Yanka Romão criou um especial multimídia composto por texto, fotos, vídeos e infográficos para deixar claro a crueldade que é viver sem saneamento básico. E, principalmente, como a saúde e a educação são afetadas pela falta de acesso a direitos básicos.
Gabriel Foster coordenou a equipe de vídeo, Vanessa Neiva e Bethânia Cristina editaram os curtas que compõem o trabalho. Tauã Medeiros animou as ilustrações de Yanka Romão, e André Esteves narrou a animação que mostra a violência que homens escravizados eram usados passavam para levar o sanemento nos ombros.
Os textos e as imagens foram editados por Lilian Tahan, Priscilla Borges, Otto Valle, Olívia Meireles, Daniel Ferreira e Michael Melo. Tudo foi revisado por Juliana El Afioni.
Italo Ridney, Mateus Moura e Saulo Marques desenvolveram os códigos para colocar o especial no ar.
Esta não é a primeira vez que o Metrópoles vence o prêmio. Ano passado, a reportagem Ouro Líquido levou a categoria Produção Jornalística em Multimídia. Na edição anterior, o trabalho A rota do tráfico humano na fronteira da Amazônia ganhou menção honrosa entre os trabalhos de jornalismo on-line. Em 2020, o portal concorreu com duas reportagens. A série Elas por Elas e a matéria especial Carros-fortes, Homens Indefesos disputaram o troféu.
Sobre o prêmio
O Prêmio Vladimir Herzog reconhece o trabalho de jornalistas que colaboram com a defesa e promoção da democracia, da cidadania e dos direitos humanos e sociais. Já em sua primeira edição, em outubro de 1979, o concurso ajudou a chegada da Anistia, em agosto do mesmo ano, e a mobilização pelas eleições diretas para presidente da República, que só ocorreu em 1989. O prêmio é uma reverência à memória do jornalista Vladimir Herzog, preso pela ditadura civil-militar, torturado e morto em 25 de outubro de 1975 nas dependências do DOICodi, em São Paulo.