Ser ‘100% Você’ deu a Alexandre Peixe uma vaga quase fixa nos rankings do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de músicas mais executadas no Brasil durante o Carnaval. A canção, gravada por Chiclete com Banana em 2004, também se tornou a mais rentável do catálogo do baiano, que tem mais de 200 obras musicais registradas no Ecad.
Em entrevista ao Bahia Notícias no Ar, na Antena 1, o cantor falou sobre a marca deixada pela canção, que não chegou a ganhar o título de música do Carnaval, mas foi eleita pelos foliões como um hino da festa e segue sendo executada 20 anos após o seu lançamento.
“100% não foi eleita, mas é uma música que tem muitas regravações, o Ecad sempre elenca as músicas mais tocadas no Brasil durante o Carnaval e todo ano ‘100% Você’, ‘Pequena Eva’, ‘Praieiro’, tem muita música que não sai do repertório. Eu falei de canções que não saem do repertório e naturalmente, como elas não saem, elas continuam repercutindo financeiramente. ‘100% Você’ tem muita presença em comercial, associação ao produto e logicamente por estar nesse hall de músicas mais tocadas no Caranval. São quase 20 anos depois, uma música que consegue sobrever.”
A canção interpretada por Bell Marques foi uma das mais importantes na carreira do artista, que ainda cita ‘Tá Tudo Bem’, interpretada por Ivete Sangalo, como um marco e o lançamento dele para o Brasil.
“Em 99, quando Ivete gravou ‘Tá Tudo Bem’, foi a primeira música da carreira solo dela que eu compus e me levou para o TCA, o Troféu Caymmi que era um prêmio muito solene, contemplado. Em 2003 com ‘Voa Voa’, uma música minha e do meu parceiro Beto Garrido, que foi música do Carnaval, mas ‘100% Você’ não ganhou prêmio e talvez seja a música que mais me deu dinheiro.”
Em uma análise sobre o cenário atual da Axé Music, que em 2025 completa 40 anos, Peixe afirma que é necessário um estudo melhor sobre a forma de consumo do público.
“A gente não consegue mais fixar música, 10, 20 anos depois. Se você for perguntar qual foi a música do Carnaval do Brasil, não estou falando só da Bahia não, em 2015 as pessoas não lembram. Será que isso não tem a ver com essa questão da renovação? A forma de construir música por conta desse novo mundo digital ficou muito descartável?”, questiona.
O artista pontuou a necessidade de estar em movimento e em produção para conseguir ser visto e ouvido. “Além dessa velocidade [no consumo], a gente ficou escravo do algoritimo. Eu sempre faço essa crítica construtiva aos meus colegas de trabalho de que a gente precisa produzir conteúdo sempre, não adianta 1, 2, 3 estarem gravando. Se você não alimenta ele com a música, ele não direciona. Se os artistas não estão lançando música, o algoritimo não te manda.”