Mensagens por aplicativo entre investigados pelo desvio das joias para o ex-presidente Jair Bolsonaro revelam momentos de tensão e preocupação diante da iminência de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) no acervo presidencial, correndo o risco do esquema ser descoberto.
Em uma mensagem para o assessor especial coronel Marcelo Câmara, o tenente-coronel Mauro Cid chega a apelar e pede: “Não caga para mim”.
Câmara então responde: “Não estou cagando soldado, nunca farei isso. Você é meu irmão de coração e de fé”.
Ex-chefe da ajudância de ordem de Bolsonaro, Mauro Cid então alivia o tom: “Eu sei Coronel! Eu é que estou no modo 2020”.
Veja o diálogo:
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De acordo com o relatório da Polícia Federal, Mauro Cid e outros investigados fizeram uma verdadeira “operação clandestina” para recomprar joias vendidas nos Estados Unidos e retornar os itens para o Brasil. A PF calcula um desvio de R$ 25 milhões no total.
“A contextualização das trocas de mensagens revela que os investigados estavam preocupados em reaver os bens, que poderiam ser objeto de decisão do Tribunal de Contas da União, determinando a devolução ao Estado brasileiro, que os itens do denominado ‘kit ouro branco’, foram todos vendidos nos Estados Unidos”, diz trecho do relatório do delegado Alvarez Shor, que saiu do sigilo nesta segunda-feira (8/7).
O “kit ouro branco”, uma das joias desviadas, era composto por um anel, abotoaduras, um rosário islâmico e um relógio Rolex de ouro branco. Os itens desviados eram presentes dados por delegações estrangeiras para o governo brasileiro.
A reportagem tenta localizar as defesas dos indiciados. O espaço segue aberto para esclarecimentos.