InícioEntretenimentoCelebridadeNunca haverá timaço como o Fluminense de Feira de Merrinho

Nunca haverá timaço como o Fluminense de Feira de Merrinho

Amigas e amigos, podemos combinar sem receio de exagero ou de trapaça: virão mil campeões, e cada um deles ganhando 500 taças, mas nunca houve nem nunca haverá um timaço como o Fluminense de Feira de Merrinho.

Não se podia esperar outra atitude dos desportistas senão a de organizar a Flujoada 2023, no Sábado de Aleluia: o ingresso é uma camisa do 5 de ouro do Flu campeão de 1969, a 50 reais.

Na oportunidade, quem comparecer vai curtir o maior sucesso cancelado da música baiana, Raimundo Sodré, perseguido porque teria incentivado a Revolta do Buzu, em 1981.

Eu estava no Aquidabã e sou minha fonte. A letra de A Massa apresentava detalhes sensíveis como “nunca mais me fizeram aquela presença mãe, DAMASSA” (alô Mateus) e “no cabo da minha enxada não conheço coroné…”

O talentoso poeta acendeu o estopim para o quebra-quebra de 350 ônibus, durante três dias, numa Salvador de Nero: “quebra-quebra guabiroba, quero ver quebrar, quebra aqui que eu quebro lá…”

Voltemos ao homenageado da Flujoada, um jogador conhecedor da esfericidade e da magia da bola, sabia rolar rente ao gramado, tocando de mãe para filho, em tabelas flutuantes…

O Flu, de uniforme alvinho, não dava serviço à lavadeira, começava e terminava o jogo, e o padrão todo alvinho: no auge, Renato, Ubaldo, Sapatão, Mário Braga e Nico; Merrinho e Delorme; Pinheirinho, João Daniel, Freitas e Gilson Porto.

Teriam vaga, hoje, na querida Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), a encher de música o anfiteatro do Joia, os virtuoses dos maestros Valter Miraglia e Evaristo de Macedo em seu début. “O oboé e a flauta soam, os sinos ecoam…”

Tinha seis anos quando fui a um estádio pela primeira vez, pelas mãos de tio Milton: foi o Joia. O Flu encheu meus olhinhos infantis. Tio Milton retou: o Flu fez 2×0, mas teve dois expulsos e o jogo só acabou quando o Bahia igualou o placar.

Já crescidinho e devorador de jornais e revistas esportivas, lembro o Flu citado como o “Santos da Bahia”, ao lavar seus adversários em banheira de Cleópatra, sem pornografia, todos entregues ao Éros do Sertão.

Flu e Santos, cada qual com seu alcance, marcaram época quando o “ser-grosso” era ontologicamente um palavrão. Era mesmo que xingar a mãe. Nos babas de rua, quem ganhava no par ou ímpar chamava os melhores.

A preferência pelos craques foi vencida pelos parreiras, dungas e felipões. Hoje, até o par ou ímpar para tirar o baba mudou: o grosso, o forte, o obediente não demora a ser chamado. O craque, o artista, o inventivo vai pro gol!

Ain, mas como você é nostálgico, P.L. Ah meu amigo, não enche, qual a culpa de quem viveu quando dar banho de cuia era tudo na vida: quem jogava por cima do zagueirão e apanhava do outro lado sem deixar cair pegava moral eterna.

A finalidade do fútil-ball na era Pós-Merrinho é money, bufunfa, capilé. Quanto mais ruína, melhor para faturar com contratos curtos. O cabra chega, com três meses vai para outro clube, e outro, e mais outro… novinho, já rodou o mundo!

O patrimônio de Merrinho eram motorrádios de prêmio como melhor em campo. Vamos à Vila dos Coqueiros (9 9110 6908), na Flujoada, sábado, 10 da manhã. Não há nem nunca mais haverá um único e escasso Merrinho no mundo da bola.

Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade.

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