InícioNotíciasPolíticaParaisópolis: morador se emociona em volta a casa de 7,30 m² reformada

Paraisópolis: morador se emociona em volta a casa de 7,30 m² reformada

São Paulo — “Adorei sua casa”, elogiou Ednalva, moradora do Jardim Colombo, na zona sul da capital paulista, quando Wallece Souza, 33 anos, passou por uma das vias da comunidade de Paraisópolis. “Vai lá visitar. Vou ver agora como ficou”, convidou o entregador de aplicativo com um sorriso no rosto. Era sexta (26/7) e ele receberia oficialmente naquela manhã a casa reformada.

A transformação do imóvel de apenas 7,30 m² começou no dia 10 de junho e foi concluída no dia 6 de julho. O Metrópoles noticiou a reforma e a história viralizou na internet. O projeto é da arquiteta e ativista Ester Carro, cujo trabalho é focado em mostrar as possibilidades que a arquitetura pode levar para a periferia. Ester não caiu de paraquedas em histórias alheias. A história do entregador também faz parte da sua trajetória.

Um cachorro chamado Bob acompanhou a reportagem até o local. “Eu sou comunicativo, pô. A rua me ensinou a ser assim. Se você não conseguir se comunicar com as pessoas, você não consegue nada, nem esquentar uma marmita. A vida fez eu me adaptar”, contou Wallece. Sem demonstrar cansaço, apontou um escadão. “Tá quase. É que passo o dia todo pedalando e estou acostumado”. Enquanto subia as ladeiras, cumprimentava os vizinhos. “Eu tô doido pra dormir lá”, disse.

Wallece nasceu no Rio de Janeiro, morou em Recife na infância e mudou-se para São Paulo. Mora na comunidade de Paraisópolis há mais de 20 anos. Em 2019, entrou no iFood para trabalhar como entregador. “Não queria entrar em coisa errada”, afirmou.

A pequena casa fica em frente à uma escadaria e tem uma parede externa de um azul vibrante. Um tom que transmite sensação de equilíbrio ao espaço de 7,30 m² . Do alto, é possível enxergar Paraisópolis de um lado e prédios sofisticados de outro. “Hoje, ainda tem visitas da Casacor”, avisou ao ver um grupo de arquitetas passando. No teto, um revestimento apoia a caixa d’água.

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Wallece e Ester

Carol Dantas

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Caminho até a casa de Wallece

Claudia C Branco

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Maura e o filho, Wallece, no dia que recebeu a casa

Claudia Castelo Branco

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Bob, o cachorro dos irmãos de Wallece, de olho na reforma

Claudia C Branco

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Vista de Wallece: Jardim Colombo para Paraisópolis

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Visitantes de outros estados no último dia da Casacor visitam casa projetada por Ester

Claudia C Branco

Chegando lá, Wallece simulou que recebia a reportagem. “Vou abrir a porta e dizer ‘bem-vindas’”, brincou. Na parte interna, cheiro de casa nova. O banheiro, que não existia, agora conta com um chuveiro moderno, um box e um lavatório. “A Regina Volpato veio aqui e queria lavar a louça. Adorou a pia da cozinha”, riu ao lembrar da visita feita pela apresentadora do SBT.

Nesse momento, lembrou do encontro com a arquiteta Ester Carro em 2023 durante a reforma da casa de um vizinho, o Seu Tiquinho, noticiada pelo Metrópoles na ocasião. “Falei: ‘eu não tenho banheiro em casa, não posso tomar um banho’. Daí fomos lá”.

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A casa do entregador após a reforma viabilizada pela arquiteta. Wallece e Ester estudaram juntos

Divulgação/André Del Casalle

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A casa do entregador após a reforma viabilizada pela arquiteta. Wallece e Ester estudaram juntos

Divulgação/André Del Casalle

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A casa do entregador após a reforma viabilizada pela arquiteta. Wallece e Ester estudaram juntos

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A casa do entregador após a reforma viabilizada pela arquiteta. Wallece e Ester estudaram juntos

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A casa do entregador após a reforma viabilizada pela arquiteta. Wallece e Ester estudaram juntos

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A casa do entregador após a reforma viabilizada pela arquiteta. Wallece e Ester estudaram juntos

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A casa do entregador após a reforma viabilizada pela arquiteta. Wallece e Ester estudaram juntos

Reprodução/Redes Sociais

De volta ao presente Ao entrar na casa nova, Wallece tirou o casaco. “Já subi e desci hoje três vezes”. Mostrou os armários, a escada que leva até a cama, no mezanino, e a geladeira. “Para uma pessoa sozinha está de bom tamanho. Essa obra mudou minha vida de verdade”. Antes, ele não conseguia fazer comida e nem tomar banho. Dormir também era um desafio. “Me sinto mais independente”.

De repente, uma notificação pinta no celular do entregador. “Mais uma matéria”, animou-se. “Nossa, tá lotado de coraçãozinho”.

“A casa dele não tinha pilares. Muita gente perguntou como seria possível colocar uma estrutura ali sem um custo extremamente alto e sem interferir em outras moradias. Tudo foi feito na medida do possível. Nas laterais não tinha para onde expandir. Daí criei o mezanino para aproveitar melhor o espaço. Ali ele consegue dormir. E, na parte de baixo, tem a cozinha, a lavanderia, o banheiro, o guarda roupa, o armário. Incluímos novas esquadrilhas para entrada de ventilação. Pensando em atender todas as necessidades básicas num espaço minúsculo”, explica a arquiteta Ester, responsável pela reforma.

Maura, mãe de Wallece, mora ao lado com os outros dois filhos. Trabalha como empregada doméstica e não teve uma vida fácil. “Sim, estou sempre com um sorriso no rosto”, exclamou aos risos. Foi mãe solteira e emocionou-se junto com o filho ao lembrar que ele já morou num terreno baldio. “Agora tá bacana aqui”, elogiou. O irmão mais novo mostrou uma capa que antes era usada para tapar os buracos da casa e um caderno de desenhos.

“Só o que preciso agora é uma moto e uma bolsa de estudos”, disse Wallece.

Perguntado sobre curtir o primeiro fim de semana na nova casa, ele surpreendeu com uma resposta, no mínimo, original. “Não. Estarei num curso de retroescavadeira”.

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