Em 2022 o desligamento da internet ou bloqueios de aplicativos e sites ao redor do mundo bateu um número recorde, e registrou 187 “apagões” durante protestos, conflitos em massa, eleições, crises humanitárias ou situações de instabilidade política.
Os dados são de um relatório divulgado nesta terça-feira (28/2) pelo grupo de direitos digitais Acess Now e a campanha #KeepItOn, que conta com cerca de 70 organizações.
O número registrado no último ano é o maior desde que o grupo começou a produzir relatórios sobre a interrupção de internet ou de aplicativos por governos e autoridades em 2016.
Ao todo, o relatório identificou a interrupção da internet em 35 países, sendo a Índia o recordista de casos, com 84 paralisações em 2022.
A Ucrânia, que vive em estado de guerra desde fevereiro de 2022, é o segundo país com mais casos de desligamentos de internet ou paralisação de aplicativos, com 22 deles impostos pela Rússia durante a invasão a ex-República Soviética.
O Irã, que viu a tensão política aumentar desde setembro de 2022 após protestos contra o governo, registrou 18 desligamentos. Mianmar, vivendo um golpe militar em 2021 que provocou uma escalada de violência e censura, aparece na quarta posição com sete interrupções.
As quatro principais causas para desligamentos de internet identificadas foram protestos, conflitos, eleições ou para a prevenção contra fraudes em provas e exames.
Segundo o relatório, das 187 paralisações registradas, 133 ocorreram em paralelo a alguma forma de violência. Ao menos 48 delas, em 14 países diferentes, coincidiram com relatos de abusos de direitos humanos, como assassinatos, tortura, estrupo e crimes de guerra.
O Brasil aparece no relatório com um caso, após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que determinou o bloqueio do Telegram, em março do ano passado.