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Reportagem de O Globo:
“O patrimônio da família do tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, está em franca expansão na cidade natal do petista, a pequena Buriti Alegre, interior de Goiás. Nos últimos meses, a fazenda dos pais de Delúbio dobrou de tamanho. O filho mais ilustre da cidade investe também na política local, patrocinando o candidato petista a prefeito, João Alfredo Mello, que o chama de patrão.
O GLOBO teve acesso às certidões no cartório do município com os registros da compra de três propriedades, todas no nome do pai de Delúbio, Antônio Soares de Castro. As terras somam quase 32 alqueires. Pelo valor declarado no cartório, ele gastou R$ 150 mil. A cifra, porém, está abaixo do valor de mercado das propriedades.
Na região, um alqueire custa em média R$ 25 mil, de acordo com um corretor da própria família de Delúbio. Pelo valor real, as terras compradas pelo pai de Delúbio bateriam na casa dos R$ 800 mil.Dos 32 alqueires, 22 foram vendidos por dona Divina Inácio Naves, de 64 anos. Em conversa na terça-feira com O GLOBO, ela contou que o pagamento das terras foi feito em espécie.
– Ele pagou com dinheiro vivinho porque o cheque não podia aparecer — contou dona Divina, que gasta o tempo em Buriti Alegre atrás do balcão de uma loja de tecidos e brinquedos no centro da cidade.
A comerciante disse que quem comprou foi o pai, mas que o dinheiro era de Delúbio.
– Foi o pai, mas foi ele (Delúbio) quem pagou. Pagou com dinheiro vivo, num bornal (ou embornal, um saco de pano) — repetiu a senhora.
Ao ser perguntada sobre o motivo de o pagamento ter sido feito em dinheiro vivo, ela respondeu:
– Os políticos são cheios disso. Brasília é cheinha disso.
A sede da primeira fazenda de seu Catonho, como o pai do petista é conhecido em Buriti Alegre, é tão modesta quanto o padrão de vida dele e da mulher, dona Jamira, de 70 anos. Os pais de Delúbio passam a maior parte da semana na modesta casa logo na entrada da propriedade. Lá, apesar da idade avançada, os dois ainda trabalham duro.
– Faço de tudo. Corto pasto, aro, faço cerca. Trabalho o dia inteiro sem hora para largar — diz seu Catonho, sotaque goiano carregado.
No centro de Buriti, a menos de 30 quilômetros da sede da fazenda, o casal tem outra casa, também bastante simples. A reação de dona Jamira ao ser perguntada sobre a ampliação do patrimônio dá uma mostra do padrão de vida do casal:
– Nós somos tão ricos que eu não tenho nem lavadeira de roupa.”