O especial de comédia Humor Negro, dirigido por Rodrigo França em 2022, fez tanto sucesso que virou uma série no Multishow e no Globoplay. No programa, o ator, diretor, cientista social, filósofo, escritor e ex-BBB, usa a comicidade para desmascarar e fazer críticas ao racismo enfrentado por artistas negros dentro e fora dos palcos brasileiros.
Em entrevista ao Metrópoles, Rodrigo explica o cuidado para que a série não cause gatilhos em pessoas negras. “A gente não ri da vítima, a gente ri do algoz. Porque muitas vezes a gente tá falando do racismo cotidiano. A gente não tá falando do extremo que chega a morte, embora o cotidiano leve também. A morte é muitas vezes o racista. Ele é patético, ele é patético no senso de superioridade. O nosso deboche está nisso. Então é uma escrita e uma interpretação muito responsável”, explica.
O diretor afirma ainda que sabe da complexidade de lidar com o humor, justamente por ele ser usado muitas vezes como ferramenta da opressão de grupos minoritários: “Tem uma pesquisa de 30 anos de arte que vai contra a uma narrativa hegemônica que muitas vezes execra ao invés de conscientizar, ao invés de fazer rir. Então é uma equipe onde todo mundo está 100%, está muito atento ao que vai dizer, o que vai mostrar”.
Durante a conversa, Rodrigo comentou a polêmica envolvendo o programa Vai que Cola, do Multishow. A equipe do humorístico entrou em crise após os roteiristas emitirem uma carta aberta afirmando que o roteirista André Gabeh, segundo eles, o único homem negro e suburbano da equipe, foi demitido por implicância e perseguição de alguns atores.
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Rodrigo França Reprodução
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Rodrigo França Reprodução
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Rodrigo é diretor da série Humor Negro Reprodução
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Rodrigo França é autor de O Pequeno Príncipe Preto Julio Ricardo/ Divulgação
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Ator, diretor, roteirista, ex-BBB e escritor Julio Ricardo/Divulgação
“Eu vou além do caso, porque eu não estou lá. Mas eu posso fazer uma análise do que é a sociedade. As instituições só tendem a reproduzir o que a sociedade é. Então, o que a sociedade é para pessoas negras, mulheres, LGBTQI+, as instituições também tendem a ser”, afirma Rodrigo.
O escritor diz que apesar de não saber, de fato, como as coisas aconteceram, se solidariza com André. “Eu conheço o André Gabeh, como conheço artistas e técnicos desse projeto, são pessoas que eu tenho muito respeito, mas eu não posso sinalizar porque eu não vivencio. Mas, ao mesmo tempo, eu não posso tirar o crédito do André, que se coloca como vítima”.
Confira a entrevista na íntegra: