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TJ-SP marca audiência que pode levar 12 PMs envolvidos no ‘Massacre de Paraisópolis’ a júri popular

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) realizou nesta terça-feira, 25, a primeira audiência dos 12 policiais militares (PMs) acusados de participar diretamente das mortes de nove jovens durante ação em um baile funk, na comunidade de Paraisópolis, na Zona Sul da capital paulista, em 2019. Outras 12 pessoas que estavam na festa ficaram feridas e sobreviveram. Oito testemunhas de acusação foram ouvidas no primeiro dia da audiência de instrução no fórum criminal. Ao todo, são 57, e entre as primeiras testemunhas ouvidas estão mães que perderam seus filhos, médicos e líderes comunitários que presenciaram alguma situação no dia que ficou conhecido como “Massacre de Paraisópolis”. O presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CONDEPE), Dimitri Salles, acompanha as famílias das vítimas e contou, em entrevista à Jovem Pan News, o que disseram algumas das testemunhas . Para ele, ficou comprovado que os policiais agiram de forma errada.

“Os depoimentos de hoje comprovaram que os policiais agiram de forma irresponsável, assumindo risco pelas mortes. Por isso, devem responder por homicídio com dolo eventual. Os policiais alteraram a cena do crime, testemunhas apontaram que as vítimas já chegaram mortas no hospital, o que significa que elas morreram no local e forma removidas. Testemunhas apontaram que os policiais fecharam a via, impedindo a fuga das pessoas e lançaram morteiros e bombas”, afirmou Salles. O líder comunitário de Paraisópolis, Igor Alexander Amorim, também foi ouvido e relatou que perdeu amigos. De acordo com ele, advogados que representam os policiais tentaram culpar a comunidade: “Estavam tentando culpar a favela, estavam tentando culpar a Prefeitura e tentando procurar outros culpados. A gente sabe, a gente estava lá, agente sofre todos os dias e a gente sabe que eles são os culpados”. Os doze policiais militares acusados também estavam neste primeiro dia de audiência.

Evanira Aparecida da Silva, que foi uma das ouvidas, relatou que o filho, Eduardo da Silva, de 21 anos, foi vítima da ação policial: “Hoje eu falei tudo que estava aqui dentro. E ainda pedi para ver a cara dos policias. Porque eles forma homens para matar meu filho e mais os outros meninos que estavam juntos. Se eles são homens para matar, eu também sou mulher para enfrentar eles. Não é verdade?”. Os agentes do 16º Batalhão da Polícia Militar respondem pelo crime de homicídio dos nove jovens durante a operação em Paraisópolis. O advogado Fernando Fabiani Capano, que representa oito dos policias que respondem em liberdade, alega que houve uma perseguição entre PMs e criminosos durante a festa, que ocorria com mais de 10 mil pessoas e em um local que não comportava este número.

“Infelizmente houve um problema, na época e naquela oportunidade, envolvendo uma perseguição. Uma motocicleta que havia participado de um roubo. Ao chegar no fluxo do baile, iniciou-se uma correria. Essa correria se transformou em um cenário de absoluto caos, exatamente em razão das condições geográficas daquele local. A partir daí, esta correria é que deu ensejo à morte daqueles meninos, em razão do pisoteamento naquelas vielas que, sustento mais uma vez, não tinham qualquer tipo de capacidade de manter um público daquele quilate e daquela substância”, argumentou Capano. A próxima audiência de instrução está marcada para o dia 18 de dezembro e deve determinar se os PMs irão a júri popular.

*Com informações do repórter Misael Mainetti

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