Enviado pela OMS, André Siqueira ficou comovido com situação de famílias indígenas. Povos sofrem com crises humanitária e sanitária 22/01/2023 18:03, atualizado 22/01/2023 18:23
Condisi
Para o tropicalista André Siqueira, do Instituto Nacional de Infectologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a condição na qual vivem os Yanomamis em Roraima é considerada “a pior situação de saúde e humanitária” vista pelo médico, que esteve na terra indígena desde segunda-feira (16/1).
Em entrevista à BBC News Brasil, o especialista em malária contou que foi enviado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) — vinculada à Organização MundIal da Saúde (OMS) — para visitar o polo-base de Surucucu (RR) e passou por outras comunidades da região.
“O que vimos foi uma situação muito precária em termos de saúde, com pacientes acometidos por desnutrição grave, infecções respiratórias, muitos casos de malária e doenças diarreicas. Junto a isso, uma escassez de equipes e de estrutura”, relatou.
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O médico conta que acompanhou famílias inteiras desnutridas e classificou a situação como “catastrófica” e “desastrosa”.
Crianças Yanomami
Crianças Yanomamis desnutridas são atendidas por técnicos do Ministério da SaúdeCondisi
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Oito crianças foram encontradas em estado grave de desnutriçãoCondisi-YY/Divulgação
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Saúde também encontrou casos de malária em crianças Yanomami em RoraimaCondisi-YY/Divulgação
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Crise sanitária e humanitária em terra indígena Yanomami, em RoraimaCondisi-YY/Divulgação
“Presenciar na prática esse nível de sofrimento é muito pesado. Na hora, a gente encara e vai no automático. Mas, depois, quando cai a ficha, vemos como é uma situação difícil. A gente compara com nossos filhos. Vemos os pais, as crianças e toda a comunidade sofrendo. E, mesmo diante de tanta dificuldade, há um senso de coletividade muito grande. Mesmo as pessoas com fome, quando recebem algum alimento, tentam dividir com quem está ali”, detalhou o médico.
Saúde dos YanomamisEm razão da grave precarização das condições de vida dos povos Yanomami, também em decorrência do garimpo ilegal, essa a população indígena vive uma grave crise sanitária. Além de a atividade provocar assassinatos, houve dezenas de registros de mortes por desnutrição nos últimos meses, em regiões habitadas por eles.
A exploração do garimpo ilegal levou, à incidência de doenças infecciosas, e a falta de assistência em saúde contribuiu para a piora do quadro.
Na última quarta-feira (18/1), uma equipe do Ministério da Saúde esteve em Roraima para fazer um diagnóstico da situação. Em nota, a pasta informou que a expectativa é de que, após o levantamento, sejam definidas “ações imediatas para superar a crise sanitária” pela qual passa a população local.
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