Policiais que tentaram desmontar no 8 de janeiro o acampamento em frente ao quartel-general do Exército fizeram relatos duros à Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal sobre a conduta naquela noite do então comandante militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, demitido na semana passada pelo general Tomás Paiva, chefe do Exército.
Segundo os policiais, Dutra de Menezes não só proibiu o desmonte, conforme contou a coluna, como fez uma ameaça: disse que, caso a Polícia Militar levasse à frente o desmonte naquela noite, haveria um “banho de sangue”.
A frase chocou os policiais. Se haveria um “banho de sangue”, só havia duas hipóteses: ou o general acabara de admitir que o Exército tinha conhecimento de que havia bolsonaristas armados no acampamento que diziam ser “familiar” ou ele estava sugerindo que seriam os próprios militares quem disparariam contra os policiais.
De maneira sutil, responderam ao comandante se ele estava sugerindo que havia pessoas armadas no acampamento.
Segundo os relatos, Dutra de Menezes então mudou de tom e disse que referia-se a possíveis acidentes que poderiam acontecer em decorrência de uma eventual correria causada pela ação da PM.
A emenda não desfez nos policiais a impressão de que o general havia, na verdade, feito uma ameaça de atirar contra quem tentasse tirar naquela noite os golpistas dali.