O Ministério Público Federal (MPF) quer explicações sobre a visita do senador Chico Rodrigues (PSB) à terra indígena Yanomami na última segunda-feira, 20. O congressista é presidente da comissão criada no Senado Federal para acompanhar a crise humanitária que afeta o povo Yanomami. A visita foi feita apenas por Rodrigues, sem a presença dos outros senadores membros do colegiado, que foi levado por um helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB). O parlamentar também usou suas redes sociais para mostrar como foi essa visita: “Estou acabando de sair de Surucucu e vim realmente, como presidente da comissão dos Yanomami, acompanhar e verificar in loco a situação do transporte de alimentos e cestas básicas, verificar inclusive a retirada dos garimpeiros em alguns pontos que não pousamos, por uma questão de segurança. Mas observamos que realmente está sendo bem liberada a área”.
O MPF em Roraima quer respostas sobre o motivo da visita e que o senador apresente os objetivos e as atividades da comissão temporária em uma perspectiva da defesa dos povos indígenas que habitam a localidade. Foi concedido um prazo de dez dias para que o senador apresente respostas. O MPF também oficiou a Funai e o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública a respeito da visita. A ida de Rodrigues á terra Yanomami também foi questionada por organizações indígenas, que afirmam terem sido surpreendidos com uma visita indesejada e desrespeitosa do senador, inclusive sem autorização prévia, o que seria proibido.
O Conselho Indígena de Roraima divulgou uma nota de repúdio sobre a presença do senador, disse que o congressista nunca se posicionou à favor dos Yanomamis e que ele seria a favor da mineração ilegal no território indígena. Vale destacar que, no dia 15 de fevereiro, o senador mandou um ofício ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para informar a visita à terra Yanomami e requisitar transporte ao local. A vice-presidente da comissão temporária, senadora Eliziane Gama (PSD), contestou a possibilidade da viagem na época e disse, pelas redes sociais, que a visita seria uma ação tomada de forma “açodada” e que era melhor estudar um plano de trabalho para a comissão atuar e efetivamente fazer uma visita in loco.
*Com informações da repórter Iasmin Costa