Um equipamento inédito na Bahia promete aumentar a qualidade de vida de pessoas com deficiência. Trata-se do skate adaptado, que foi inaugurado nesta terça-feira (28), no Núcleo de Atendimento à Criança com Paralisia Cerebral (Nacpc), localizado no bairro de Ondina, em Salvador, e que completou 22 anos na segunda (27).
“Criança quer estudar e brincar, então, por isso que a gente foca na reabilitação, na inclusão escolar e no esporte, que é o que a gente está tentando enfatizar hoje com o projeto do skate adaptado”, declarou o fundador e presidente do Nacpc, Pedro Guimarães, que tem um objetivo maior: alcançar outras crianças e demais pessoas com deficiência (PcDs).
“A ideia é formar uma parceria com o município ou a iniciativa privada por meio da qual a gente possa levar esses skates adaptados para as praças onde tem pista de skate, para outras pessoas com deficiência poderem ter acesso a esse esporte”, acrescentou Guimarães, responsável por ter idealizado a chegada dos dois brinquedos à instituição filantrópica.
Como funciona
Segundo a diretora técnica do Nacpc, a fisioterapeuta Daniela Caribé, a aquisição do skate adaptado é resultado da busca por inovar quando o assunto é promoção de atividade física e fisioterapia. Uma espécie de trave com rodas, ele contém um suspensório, que possibilita manter a pessoa com os pés fixos sobre a prancha, presa à estrutura.
“Esse sistema acaba equilibrando e auxiliando o jovem que ainda não consegue ficar de pé sozinho”, explicou Caribé. Apesar de ao lado da PcD irem outras duas pessoas, a fim de auxiliá-la, quem determina a direção do skate é ela mesma. “O próprio usuário pode inclinar o pé para frente ou para trás, participando da direção aonde ele quer ir.”
Conforme o Ministério da Saúde, é recomendado que toda criança ou adolescente de 6 a 16 anos pratique atividades físicas por meio de brincadeiras em vários momentos do dia e da semana. O ideal é que, por dia, sejam cumpridos 60 minutos de atividade intensidade moderada ou vigorosa e, três vezes por semana, envolvendo fortalecimento de músculos e ossos.
No entanto, estudos apontam que apenas 13% das crianças com paralisia cerebral estão atingindo as metas de atividade física diária. Nesse sentido, Caribé destacou a contribuição que práticas como essa podem oferecer às saúdes física e mental de seus usuários. “O esporte, sobretudo, acaba sendo uma estratégia muito assertiva para que eles melhorem as condições física e cardiorrespiratória e, com isso, consigam um nível de participação maior nas comunidades, na escola e no ambiente de trabalho”, afirmou a fisioterapeuta.
Primeira experiência
No Núcleo de Atendimento à Criança com Paralisia Cerebral, os assistidos já começaram a desfrutar do novo brinquedo: Pedro, de 16 anos, e Kailane, de 19, tiveram a honra de inaugurá-los. Para ambos, a primeira aventura em cima de um skate foi positiva.
“Eu tô aprendendo. Gostei”, contou ele, que também garantiu não ter sentido aquele ‘friozinho’ na barriga. Sua mãe, a dona de casa Selma Silva, 40, o auxiliou na condução do novo brinquedo. “A sensação de ver ele se divertindo é maravilhosa”, comentou ela.
Apenas com o olhar e o sorriso, Kailane demonstrava aprovação pela novidade. Com um gesto de ‘legal’, ela indicou já estar pronta para o próximo ‘rolé’ de skate acompanhada pela mãe, a dona de casa Vanessa Cavalcante, 34.
“Achei ótima a iniciativa, pra as pessoas verem também que pessoas com deficiência têm que ter o espaço delas em tudo. Mesmo com as limitações, se adaptadas, dá pra participar”, ressaltou Vanessa.
Acompanhados por suas respectivas mães e por fisioterapeutas, Kailane e Pedro foram os primeiros a andar no skate (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) |
Como ajudar
Entidade sem fins lucrativos, o Núcleo de Atendimento à Criança com Paralisia Cerebral tem como propósito oferecer atendimento especializado e gratuito a crianças carentes com paralisia cerebral ou outras deficiências, bem como a suas famílias. Atualmente, cerca de 500 pessoas com deficiências físicas, intelectuais e múltiplas são assistidas no local, o que resulta em um número médio de 10 mil atendimentos por mês.
Quem quiser ajudar o Nacpc pode fazer doações por meio do Pix 04.327.251/0001-36 (CNPJ). Antes, é possível conhecer mais sobre a instituição filantrópica por meio do perfil @Nacpc_org no Instagram ou fazendo uma visita a sua sede, na Rua do Corte Grande, número 160, no Alto de Ondina, de segunda a sexta, das 8h às 17h30.