As investigações da Polícia Federal em relação à “minuta do golpe” e o envolvimento do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres com o processo eleitoral estão cada vez mais avançadas.
A PF teria descoberto uma viagem de Torres, fora de agenda, à Bahia, num avião da Força Aérea Brasileira (FAB), dias antes do segundo turno das eleições. Na ocasião, ele teria sido acompanhado pelo então diretor da PF, Marcio Nunes, para pressionar o então superintendente regional, Leandro Almada, a atuar na operação no dia do pleito, dando apoio à Polícia Rodoviária Federal (PRF). A informação é do jornalista Lauro Jardim, em O Globo.
Em relação ao envolvimento nas eleições, a PF descobriu um “boletim de inteligência” que teria sido produzido em outubro pela então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Alencar — delegada que, posteriormente, trabalhou com Torres na Secretaria de Segurança do Distrito Federal.
O documento detalha os locais onde o então candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia sido mais votado no primeiro turno das eleições de 2022. Na análise dos investigadores, o boletim serviu para que o ex-ministro viabilizasse a tentativa de complicar a chegada dos eleitores aos locais de votação em algumas regiões, com a operação realizada pela PRF no dia do segundo turno.
O documento chegou a ser apagado do celular de Marília. No entanto, foi recuperado parcialmente pela PF.
Outra discrepância apurada no caso está a negativa da secretária de Torres de que ela teria entregado o documento golpista a ele. Em depoimento, Marília teria sido taxativa: “Nunca entreguei nada”. O ex-ministro teria declarado que recebeu a minuta por meio dela.