Em meio a polêmicas sobre a presença de cantores de outros ritmos nas festas de São João, o cantor Bell Marques se posicionou e defendeu que os festejos tenham espaço para todos. “O São João é uma festa democrática, tem espaço para o sertanejo, o arrocha e o forró e é bom que seja assim, diverso, é o que o público gosta e quer. Não tem por que restringir, tem espaço, assim como é no axé-music. Eu faço forró desde 1981, lancei vários discos meus de forró. O São João é uma festa linda, vamos aproveitar e dançar forró”, disse o cantor, que se apresentou em Santo Antônio de Jesus, uma das cidades com o São João mais famoso da Bahia. Bell cantou para mais de 100 mil pessoas. Além dele, se apresentaram Limão com Mel, Jaldo Rodrigues, Daniel Vieira, Farol de Milha, Mara Ribeiro e Evonei Fernandes. Neste domingo (25), a festa continua no principal destino do turismo junino do estado. Se apresentarão na cidade Mari Fernandes, Adelmário Coelho, Jerônimo Medeiros, Sam e Kawan, Verena Santana, Lucas e Gustavo e Flor do Nordeste. POLÊMICA A polêmica sobre a presença de artistas de outros ritmos não é nova na Bahia, mas ganhou força após uma discussão entre Astrid Fontenelle e Gabriela Prioli, no programa Saia Justa exibido na noite de quarta-feira (21). Na atração, Astrid criticou a falta do cuidado com as tradições das festas juninas, sobretudo no nordeste. “Vou pra São João pra dançar um forró, comer o amendoim cozido, cheguei lá, era uma festa de axé. Não, não dá. Eu acho que não dá pelo Brasil, não pelo meu gosto. É uma festa de São João.” Prioli retrucou: “Não dá pra você. Parte de um juízo subjetivo seu. O que você estava esperando era chegar lá e encontrar outra coisa. Acho que o que vale a pena pensar primeiro, é o que é o São João tradicional? Então, qual é o marco temporal que a gente vai estabelecer pra dizer o que é São João?”. O clima pesou, pois ambas rebateram as opiniões e seguiram falando alto. “A gente talvez tenha um marco temporal pelos livros de História, mas pra mim tradição não é só o livro de História. Tradição é prática, o que ele se tornou quando chegou aqui no Brasil”, apontou Fontenelle, que foi interrompida pela colega: “Você diz ‘pra mim é’. A morte do meu mundo não é a morte do mundo.” “Não tenho problema em dizer ‘pra mim é’, porque eu estou dando a minha opinião. E a minha opinião não é a de todo mundo, mas é opinião de muita gente que quer a tradição, e não quer perder essa parte da História, sobretudo nordestina, que é tão forte, tão bonita, que movimenta realmente muita coisa. A prefeitura pode contratar quem ela quiser, mas não pode esquecer da família, do coreto… isso é tradição brasileira”, disse Astrid Fontenelle.