São Paulo – O infectologista Jean Gorinchteyn, secretário da Saúde do governo paulista durante a pandemia de Covid-19, na gestão João Doria, divulgou neste domingo (8/10) que deixará a coordenação do plano de governo da pré-campanha de Guilherme Boulos (PSol) pelo fato de o deputado federal não condenar nominalmente o Hamas pelo assassinato de israelenses que tiveram início neste fim de semana, desencadeando uma guerra que também matou palestinos no Oriente Médio.
Gorinchteyn, que é judeu, esteve à frente da secretaria nos momentos mais agudos da pandemia, quando não havia vacinas disponíveis para toda a população e insumos básicos, como oxigênio, estavam em falta. Aliados de Boulos tinham expectativa de que o médico pudesse contribuir para blindar a imagem de “radical” que o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), tenta vincular ao deputado.
Na madrugada de sábado (7/10), Boulos comentou os ataques do Hamas à Israel dizendo que sua “defesa dos direitos do povo palestino é pública” e que visitou a Cisjordânia em 2018.
“Agora, condeno sem meias palavras ataques violentos a civis, como os que mataram nas últimas horas 250 israelenses e 232 palestinos. Deixo minha solidariedade às vítimas e seus familiares”, afirmou o deputado. “Defendo uma solução pacífica e duradoura, que passe pelo cumprimento do direito internacional e das resoluções de paz.”
Gorinchteyn, por sua vez, afirmou que, “diante da postura pró-palestina que não menciona ou condena o grupo extremista islâmico armado Hamas pelos atentados terroristas em Israel no último sábado, que vitimaram civis e sequestraram mulheres e crianças de forma bárbara, adotei a decisão oficial de me retirar da coordenação do plano na área da Saúde na pré-campanha à Prefeitura de São Paulo, liderada pelo pré-candidato Guilherme Boulos, do PSol.”
A nota do médico segue: “Nesta ação, reafirmo meu compromisso como judeu em apoio ao Estado de Israel e em respeito às vítimas e seus familiares. É imperativo condenar e repudiar ataques terroristas contra civis em qualquer lugar do mundo”.
A campanha de Boulos foi procurada para comentar a posição de Gorinchteyn, mas não se manifestou.