A Suíça vai receber entre 15 e 16 de junho uma cúpula de paz que pretende angariar apoio internacional para o fim do conflito na Ucrânia. O objetivo do encontro, solicitado pelo governo ucraniano, é “inspirar um futuro processo de paz”, mas o resultado permanece incerto.
A cúpula se baseia num plano de 10 pontos apresentado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, e que culmina na retirada completa das tropas russas e no estabelecimento dos meios para alcançar “uma paz justa e duradoura”.
A Rússia não vai participar do evento. Segundo a Suíça, o país não foi convidado porque sinalizou não ter qualquer interesse em participar. O governo russo disse que a iniciativa é “uma perda de tempo”.
Sem Brasil e China Na esteira da decisão do presidente russo, Vladimir Putin, países como Brasil e China manifestaram desinteresse em participar de conversas sem a presença dos dois lados do conflito, segundo comunicaram as autoridades da Suíça.
O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, chegou a assinar uma declaração com o ministro chinês do Exterior, Wang Yi, pedindo para que sejam feitas negociações “reconhecidas tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia”.
Segundo o Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou por telefone com Putin nessa segunda-feira (10/6) e voltou a defender um acordo de paz e a participação da Rússia nas negociações de paz.
Os organizadores do evento, porém, afirmaram que, até agora, o Brasil e outros países emergentes, como a África do Sul, não confirmaram nem cancelaram a participação no evento, apesar da ausência de Lula ser dada como certa. “A lista final dos países participantes só será publicada pouco antes da cúpula”, detalha o comunicado.
Lula viajará para a Europa para uma reunião da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra, na Suíça, no dia 13, antes de participar da cúpula do G7 na Itália, nos dias 14 e 15, a convite da premiê Giorgia Meloni. Mas Lula não participará da cúpula sobre a Ucrânia, que ocorre logo em seguida, nos dias 15 e 16.
Até o momento, 90 estados e organizações confirmaram presença. O evento acontece no complexo hoteleiro Bürgenstock, localizado no topo de uma montanha na vila de Obbürgen, perto da cidade de Lucerna, no centro da Suíça. O local foi escolhido por questões de segurança devido ao seu difícil acesso — na última semana, o país registrou um aumento em ataques cibernéticos e desinformação sobre o evento.
O presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, são esperados no encontro. A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, representará o país. O conselheiro de segurança nacional do Presidente Joe Biden, Jake Sullivan, também estará presente.
O que será discutido O presidente ucraniano anunciou pela primeira vez sua fórmula de paz de 10 pontos numa cúpula do G20 em novembro de 2022. Ela também inclui a criação de um tribunal especial para julgar os crimes de guerra russos.
A Suíça, porém, adianta que a cúpula vai conseguir avançar apenas sobre três temas: segurança alimentar, segurança nuclear para produção de energia e a libertação ou troca de prisioneiros de guerra ou deportados. A expectativa dos organizadores é criar um roteiro que inclua a Rússia nas negociações em etapas posteriores.
As conversas ocorrem em meio a uma crescente avanço dos russos sobre território ucraniano. O país alcançou áreas da região da cidade de Donetsk nos últimos meses. Em conferência realizada nesta terça-feira em Berlim, na Alemanha, Zelenski alegou que a Ucrânia perdeu metade da capacidade de geração de energia em decorrência dos ataques russos.
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