Candidato à reeleição para prefeitura do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), busca se contrapor ao governador Cláudio Castro (PL) em uma estratégia para desconstruir a principal narrativa dos adversários apoiadores de Jair Bolsonaro na disputa, Alexandre Ramagem (PL), apadrinhado pelo ex-presidente, e Rodrigo Amorim (União): o apelo para segurança pública. O foco do candidato do PSD é desnacionalizar a campanha e evitar uma disputa “Lula x Bolsonaro” em âmbito municipal no berço dos apoiadores de Bolsonaro no País.
Paes é favorito com folga nas pesquisas de intenção de voto. Com um recall político de três mandatos à frente da segunda maior cidade do País, Paes chega à disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro com alta popularidade e a expectativa de vitória em primeiro turno – a pesquisa Datafolha mais recente aponta Paes com 53% dos votos válidos. Ramagem apareceu empatado na margem de erro, com 9%, com o pré-candidato do PSOL, Tarcísio Motta, que tem 7%. A relação institucional entre Paes e Castro, adotada durante a gestão do Executivo carioca e o comando do Estado, deu espaço a uma “guerra campal” em entrevistas, debates e redes sociais. Ao associar Ramagem à política de segurança pública tocada por Castro no governo do Estado, Paes mina a principal arma do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que é a exploração da ligação com Bolsonaro.
A primeira troca de farpas ocorreu no debate promovido pela TV Band. Paes deu indícios do que deve ser a tônica da campanha ao associar Ramagem ao governador do Rio, sem citar o ex-presidente Bolsonaro ao menos uma vez. “Deputado Ramagem, o senhor era aliado do Wilson Witzel, aliado do Cláudio Castro. Vocês mandam na segurança há seis anos. O secretário de Segurança do Rio de Janeiro é indicação sua e do senador Flávio Bolsonaro. O que você acha das indicações políticas para comandantes de batalhões e delegacias?”, questionou Paes a Ramagem.
Já Ramagem seguiu à risca a estratégia de campanha ao chamar Paes de “soldado de Lula”. A candidatura de Paes tem o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto Ramagem se apoia na associação a Jair Bolsonaro. Ramagem é uma aposta pessoal do ex-presidente para manter a influência em seu reduto eleitoral. No fim de semana, Paes voltou a criticar Ramagem e associá-lo a Castro nas redes sociais. O candidato do PSD reagiu a uma notícia do jornal O Globo sobre uma tentativa do governador de desidratar a coligação do prefeito do Rio.
“É isso mesmo: Cláudio Castro é Ramagem, o Witzel das eleições de 2024! Aliás, os responsáveis pela segurança pública no Rio!”, escreveu o prefeito no X (antigo Twitter). Castro rebateu e disse que Paes “é o maior estelionatário dessas eleições”. Castro, que até a campanha posava ao lado de Paes em agendas conjuntas do governo do Estado e da prefeitura do Rio, partiu para o ataque e chamou o candidato do PSD de “traidor” e “nervosinho” – apelido atribuído ao prefeito por empreiteiros da Odebrecht em delação premiada. O caso foi arquivado. “Aliás, Eduardo é o maior colecionador de traições da história do Brasil: já traiu César Maia, Lula, Dilma, Pezão e o seu sócio e pai, Sérgio Cabral”, escreveu Castro.
*Com informações do Estadão Conteúdo