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A Independência da Bahia na mídia estrangeira 

O processo que resultou na Independência da Bahia foi assunto da mídia estrangeira, em especial nos jornais de Londres, Buenos Aires e óbvio de Lisboa, onde a agitação política do Brasil despertava justificado interesse. E nos jornais de Lima e Bogotá, com menor assiduidade. Os periódicos repercutiram nossa guerra civil, “a guyonização da Bahia”, assim qualificado pela Gazeta Universal de Lisboa, numa referência à retirada à força dos portugueses que ocuparam Caiena (capital da Guiana Francesa), em 1814.  

A estreita relação do Brasil com os ingleses, desde 1808, deu á mídia londrina um protagonismo na repercussão do evento baiano. Através das páginas do Times e The Courier (impressos em inglês), O Campeão Portuguez (redigido por José Liberato Freire de Carvalho), O Padre Amaro (redigido por Joaquim Ferreira de Freitas) e, também, editado em Londres, o Correio Braziliense de Hipólito da Costa. Os jornais “londrinos” circulavam na Inglaterra e Portugal e no Brasil para públicos restritos. 

Os jornais “londrinos” se abasteciam das cartas diplomáticas, cartas anônimas de colaboradores e reproduziam notícias dos jornais baianos e cariocas. Se abasteciam também dos relatos dos capitães dos navios procedentes do Brasil, fonte que lhes pareciam confiáveis. O capitão Doyle foi uma dessas fontes orais. Os capitães dos barcos Manchester e Chistopher, foram fontes recorrentes.

Em Portugal, os eventos baianos foram repercutidos em especial pelo Campeão Portuguez quando transferiu a redação de Londres para Lisboa; O Censor Lusitano, Gazeta Universal de Lisboa, A Sega-Rega, A Trombeta Luzitana de Januário da Costa Neves e Francisco de Alpoim de Meneses (acusados de tentar depor Dom João VI, na chamada conspiração da Rua Formosa) e O Brasileiro em Coimbra, redigido pelo baiano Cândido Ladislau Japiassu de Figueiredo e Melo que anos depois seria acusado de ser o mentor do assassinato de Libero Badaró. Dos jornais da região do Prata, Montevidéu e Buenos Aires, trataram da guerra civil baiana, entre os mais atuantes, El Centinela redigido por Florencio Varela e El Correo de las Províncias, redigido por Fortunato Lemoyne. 

“Dom Pedro, inflamado com a leitura de Dom Quixote… no meio de quatro astutos ambiciosos… e negros e negras dançando… e berrando”, teria ferrado a Bahia, carregava as tintas no debate, a Sega-Rega. O Campeão Portuguez elogiava os brios do General Madeira e chamava os adversários de “fação monstruosa”. A Trombeta Luzitana que o Censor Lusitano acusava de “perversidade e ignorância”, na eminência da vitória dos baianos, sentenciava que as notícias chegadas da Bahia têm sido recebidas “com extraordinária alegria de parte de todos os amigos da escravidão do Brasil”. 

A mídia portuguesa, em geral, apoiava o General Madeira, mas fazia a ressalva do alto custo pecuniário e a inconsistência dos resultados, se vitorioso, diante de um Brasil dividido. Para unificar demandaria grandes investimentos na repressão e sem previsão de termo do conflito, de fato.  

Nelson Cadena é publicitário e jornalista, escreve às quintas-feiras.

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