São Paulo – O casal líbio-brasileiro Ahmed Hasan e Malak Treki, que está preso na Turquia, deve ir a julgamento naquele país nesta quinta-feira (7/3).
Os dois tiveram as etiquetas das malas trocadas e colocadas em bagagens que seguiram para aquele país com 43 quilos de cocaína, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em outubro de 2022.
Ahmed e Malak viajaram de São Paulo para Istambul. Eles desembarcaram, pegaram suas malas e deixaram o local normalmente. Alguns dias depois, foram para a Líbia.
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O libio Ahmed Hasan teve as etiquetas com seu nome e de sua esposa colocadas em bagagens com cocaína no Aeroporto de SP Reprodução/TV Globo
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O libio Ahmed Hasan teve as etiquetas com seu nome e de sua esposa colocadas em bagagens com cocaína no Aeroporto de SP Reprodução/TV Globo
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Etiquetas trocadas no caso do empresário líbio Ahmed Hasan, que foi preso acusado injustamente por tráfico; as etiquetas com seu nome foram trocadas no Aeroporto de Guarulhos Reprodução/TV Globo
Em maio de 2023, ao viajar sozinho para a Turquia, Ahmed foi detido. As malas com os 43 quilos da droga e com as etiquetas que tinham seu nome e o de sua mulher haviam sido despachadas de Guarulhos no dia 26 de outubro de 2022 — quatro dias depois de o casal ter deixado o Brasil. Quando as bagagens com as etiquetas trocadas chegaram a Istambul, foram interceptadas pela polícia turca.
“A justificativa da juíza ao determinar a prisão foi baseada no fato de o casal ser estrangeiro, o que colocaria em risco a efetividade da Justiça, [porque] eles poderiam fugir”, afirmou a advogada Luna Provazio, responsável pela defesa do casal no Brasil.
O casal é considerado inocente pela Polícia Federal brasileira e não há inquérito policial nem processo contra eles no Brasil.
Deverão estar presentes no julgamento desta quinta os advogados do casal e irmãos. Os filhos deles estão com a avó, na Líbia, e estão deprimidos, disse a defesa ao portal g1.
“A nossa expectativa, no âmbito jurídico, em questão de provas, é que de fato eles serão inocentados. É visível pelas provas e imagens que a etiqueta foi ‘recolada’ está muito manipulada. Na Turquia fizeram exame de DNA nas bagagens contendo cocaína e identificaram que não há o DNA do casal nas malas”, disse Luna.
Os advogados enviaram ofício ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva alegando “questão humanitária”. No pedido, a defesa afirma que o Brasil e a Turquia têm Acordo de Cooperação Penal Internacional vigente.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Istambul, disse que acompanha o assunto “com atenção e presta assistência consular aos nacionais brasileiros desde julho de 2023”.
“A assistência é prestada pelas autoridades consulares brasileiras conforme as circunstâncias específicas do caso, em que os envolvidos também possuem nacionalidade turca, ou seja, estão detidos em país do qual são cidadãos. Em atendimento ao direito à privacidade e em observância ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, o Ministério das Relações Exteriores não fornece informações específicas sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros”, afirma o texto.