A defesa de Jair Bolsonaro subestimou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o custo da live em que o ex-presidente mentiu a embaixadores sobre as urnas eletrônicas. No processo que pode tornar o ex-presidente inelegível, os advogados afirmaram que o evento no Palácio do Alvorada foi “verdadeiramente franciscano” e custou R$ 12 mil, mas a despesa foi pelo menos três vezes maior.
O documento, que traz as alegações finais da defesa de Bolsonaro ao TSE, foi noticiado na quinta-feira (13/4) pelo repórter Fábio Zanini.
“Conforme boletos e notas fiscais, devidamente colacionadas aos autos, o custo total do evento correspondeu ao (módico) montante de R$ 12.214,12”, afirmaram os advogados, acrescentando: “[O evento foi] Verdadeiramente franciscano”.
O balanço, contudo, despreza outros gastos de dinheiro público com a live em 18 de julho do ano passado com ataques ao sistema eleitoral. Apenas a estatal Empresa Brasil de Comunicação gastou R$ 20,5 mil para transmitir ao vivo o evento com Bolsonaro e embaixadores no Alvorada: R$ 12 mil com equipamentos; R$ 4,2 mil na transmissão à TV Brasil; R$ 4,2 mil com redes sociais; e R$ 1,5 mil com interpretação de Libras.
Somando a estimativa enviada ao TSE ao gasto da TV Brasil, o valor triplica: salta de R$ 12,2 mil para R$ 32,7 mil.
O julgamento do TSE, que pode acontecer ainda neste semestre, pode deixar o ex-presidente inelegível por até oito anos. O risco aumentou desde a última quarta-feira (12/4), quando o Ministério Público Eleitoral pediu a inelegibilidade de Bolsonaro por abuso de poder político.