Grupo parlamentar terá o prazo de 120 dias para concluir a investigação sobre esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Sessão Deliberativa na Câmara, o deputado federal Julio Arcoverde (PP – PI)
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar na Câmara dos Deputados o esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol elegeu nesta quarta-feira, 17, o deputado federal Julio Arcoverde (PP-PI) para o cargo de presidente do colegiado. “A CPI é oportuna e surge como instrumento que facilitará a elucidação dos fatos. Trabalharemos incansavelmente na coleta e análise de provas. (…) Vamos juntos tornar o futebol mais transparente, honesto e justo”, afirmou Arcoverde. Também foram eleitos os deputados André Figueiredo e Daniel Agrobom para a 1ª e 2ª vice-presidência, respectivamente. A votação aconteceu na primeira sessão do colegiado, após a leitura do requerimento, de autoria do deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE), para criação da comissão. Como o site da Jovem Pan já havia antecipado, Carreras era o principal cotado para a relatoria da CPI das Apostas, o que também foi confirmado. Ele defende que as casas de apostas, árbitros e a própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sejam ouvidos na comissão, o que pode ditar a linha de trabalhos nas próximas semanas. O grupo parlamentar terá o prazo de 120 dias para concluir a investigação.
A instalação da CPI das Apostos ocorre após o avanço da Operação Penalidade Máxima, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás. As investigações, conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-GO, indicam que os apostadores cooptava jogadores para combinar ações em campo e faturar com palpites em sites especializados. Em um dos casos, um dos investigados combinou com um atleta para que este cometesse uma falta e tomasse um cartão amarelo. Após a combinação, o apostador aplicava o dinheiro em um site de aposta com o palpite de que o jogador corrompido seria advertido com um cartão amarelo. Com a concretização do evento combinado, o apostador multiplicava o dinheiro aplicado e repassava parte dos lucros para os atletas.
A ação investiga uma possível manipulação de resultados em 13 partidas de futebol: 8 do Campeonato Brasileiro da Série A de 2022, 1 da Série B de 2022 e 4 de campeonatos estaduais realizados em 2023. Os casos investigados envolvem apostas por lances específicos, como cartões amarelos e vermelhos, além de pênaltis. Como o site da Jovem Pan mostrou, até o momento, Santos, Fluminense, Cruzeiro e América-MG afastaram jogadores suspeitos de participar do esquema de manipulação de jogos. Na última sexta-feira, 12, o Athletico-PR demitiu dois jogadores por suspeita em escândalo de manipulação de jogos. Afastados por suspeita de envolvimento no escândalo de manipulação de jogos, Pedrinho e Bryan Garcia estão na mira do Ministério Público – ambos, entretanto, ainda não são réus.