InícioEditorialDesaparecimento de indigenista e jornalista: PF detém suspeitos no AM

Desaparecimento de indigenista e jornalista: PF detém suspeitos no AM

A Polícia Federal (PF) apreendeu, no início da noite desta segunda-feira (6/6), dois pescadores suspeitos de estarem envolvidos no desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do jornalista inglês Dom Phillips, correspondente do The Guardian no Brasil. As informações são do O Globo.
Os homens, identificados como “Churrasco” e “Jâneo”, foram levados para a cidade de Atalaia do Norte e estão detidos pela Polícia Civil do Estado. Bruno tinha um encontro com Churrasco na comunidade São Rafael, no Vale do Javari, no último domingo (6/6), compromisso que foi acompanhado por Dom na volta da viagem dos dois ao Lago do Jaburu, para visitar a equipe de Vigilância Indígena.
No entanto, Churrasco não apareceu e os dois seguiram viagem até a cidade de Atalaia, um trajeto que duraria duas horas, mas nunca foi completado pelos homens. Eles não foram mais vistos após a tentativa de encontro com o pescador e não fizeram mais contato.
Até a publicação desta matéria, o desaparecimento de Bruno e Dom já durava 40 horas. O caso ganhou repercussão nacional na tarde desta segunda-feira (6/6) quando a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) e o Observatório de Direitos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi) publicaram uma nota oficial sobre o desaparecimento.
“Enfatizamos que, conforme relatos dos colaboradores da Univaja, essa semana a equipe recebeu ameaças em campo, além de outras que já vinham sendo feitas à equipe técnica da Univaja, além de outros relatos já oficializados para a Polícia Federal e ao Ministério Público Federal em Tabatinga”, afirmou Beto Marubo, membro da coordenação da Univaja, entidade composta por indígenas Marubo, Mayoruna (Matsés), Matis, Kanamary, Kulina-Pano, Korubo e Tsohom-Djapá.
Eles desapareceram neste domingo (5/6) por volta das 6h, no Vale do Javari, na Amazônia, quando faziam o trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte, distante 1.135km de Manaus.
Segundo a lideranças da Univaja, a viagem tinha o objetivo de visitar a equipe de Vigilância Indígena localizada próxima ao chamado Lago do Jaburu (próxima da Base de Vigilância da Funai no rio Ituí), para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas.
Dom Phillips e Bruno viajavam em uma embarcação nova, com motor de 40HP e 70 litros de gasolina, o suficiente para a viagem, e sete tambores vazios de combustível. Eles chegaram ao local de destino (Lago do Jaburu) em 3 de junho de 2022, às 19h25 e retornaram no dia 5, logo cedo para a cidade de Atalaia do Norte.
Antes de chegar ao destino final, no entanto, pararam na comunidade São Rafael, em uma visita previamente agendada, para que o indigenista fizesse uma reunião com o líder comunitário conhecido como “Churrasco”. O encontro tinha o objetivo de consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na vigilância do território, bastante afetado pelas intensas invasões
Eles chegaram ao local por volta das 6h, onde conversaram com a mulher do líder comunitário, porque o mesmo não estava no local. Depois, partiram rumo a Atalaia do Norte, uma viagem que dura cerca de duas horas, mas nunca chegaram ao destino final.
“Às 16h (do domingo), outra equipe de busca saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior, retornando ao mesmo local, mas novamente nenhum vestígio foi localizado. Vale ressaltar que o indigenista Bruno Pereira é uma pessoa experiente e que conhece bem a região, pois foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por anos”, afirma o advogado da Univaja, Eliésio Marubo.
Na tarde desta segunda-feira (6/6), a esposa de Dom Phillips, Alessandra Sampaio, fez um apelo às autoridades brasileiras para empenharem esforços na busca pelo marido e o colega de trabalho. “Quero implorar às autoridades brasileiras que busquem meu marido, Dom Phillips, e seu parceiro de expedição, Bruno Pereira, com urgência”, escreveu a mulher em uma carta compartilhada pelos jornalistas Roberto Kaz, da revista Piauí, e Eliane Brum.
“Autoridades brasileiras, nossas famílias estão desesperadas. Por favor, respondam à urgência do momento com ações urgentes. Governo do Brasil, onde estão Dom Phillips e Bruno Pereira?”, questiona Alessandra.
Na carta, a mulher também afirma que o marido sempre denunciou o momento vivido pela Amazônia e que sabe que isso pode influenciar no desaparecimento do jornalista.
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