Em meio à guerra política deflagrada na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o empresário Josué Gomes da Silva, presidente destituído da entidade, recebeu o apoio de nomes como o apresentador de TV Luciano Huck, o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, o ator Antonio Fagundes e outros integrantes do conselho superior de economia criativa da instituição.
Em carta divulgada no fim de semana, Huck, Hartung, Fagundes e os demais signatários do documento pedem pacificação na principal entidade da indústria brasileira.
“Repudiamos veementemente quaisquer tentativas de afastá-lo da presidência da entidade. Defender a democracia e resgatar a importância política da Fiesp no debate público, coisas que o senhor tem feito com tanta competência, deveriam ser motivo de honra e aplauso de todos os membros da entidade”, diz o texto, dirigido a Josué. “O que mais precisamos neste momento no Brasil é pacificar e dialogar com toda a sociedade e testemunhamos seu empenho nessa direção.”
A carta de apoio ao presidente destituído da Fiesp também é assinada pelo ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo Alê Yousseff, pela presidente do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), Elizabeth Machado, pelo produtor musical KondiZilla e pelo presidente da Central Única das Favelas (Cufa), Preto Zezé, entre outros nomes.
Como noticiado pelo Metrópoles no fim da semana passada, o grupo de oposição a Josué emitiu um comunicado informando que Elias Miguel Haddad, um dos vice-presidentes da Fiesp, havia assumido a presidência interina da instituição.
Horas depois, Josué divulgou uma nota na qual afirma que recebeu a notícia da posse interina “com absoluta surpresa”. O empresário define a atitude de Elias Miguel Haddad como “isolada, desproporcional e irresponsável”, que pode provocar “riscos econômicos, jurídicos e trabalhistas” para a entidade.
Alvo de pequenos sindicatos patronais ligados ao ex-presidente da Fiesp Paulo Skaf, Josué Gomes da Silva já havia recebido o apoio de nomes de peso da economia brasileira, como o ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga e a banqueira Neca Setubal.
Integrantes do chamado Comitê de Defesa da Democracia, grupo composto por investidores, intelectuais, empresários e sindicalistas, divulgaram uma carta de apoio a Josué e em repúdio à sua destituição na Fiesp.
Em agosto do ano passado, o comitê organizou um ato em defesa da democracia, que reuniu centenas de pessoas no Largo de São Francisco, na Faculdade de Direito da USP. O movimento pedia respeito ao processo eleitoral e se tornou um ato de oposição ao então presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.
Em assembleia realizada na Fiesp no dia 16 de janeiro, os sindicatos aprovaram, com 47 votos favoráveis, duas abstenções e apenas um contrário, a destituição de Josué da presidência da entidade. Antes do placar final, os sindicatos votaram, por 62 a 24, pela reprovação dos argumentos do empresário aos questionamentos sobre sua atuação na presidência da Fiesp.
Em entrevista ao Metrópoles, o jurista e ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior, advogado de Josué, classificou a assembleia como “clandestina” e disse que ele deve ser anulada na Justiça.