InícioNotíciasPolíticaGolpe do falso sequestro no DF contava com “exército de entregadores”

Golpe do falso sequestro no DF contava com “exército de entregadores”

A quadrilha que cometia extorsões por meio de golpes do falso sequestro e mantinha membros no Distrito Federal contava com um “exército de entregadores” que recolhia dinheiro de familiares de pessoas que eles diziam estar em poder de criminosos. Membros do grupo estavam presentes na capital do país e em mais 14 estados: São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Acre, Mato Grosso do Sul, Ceará, Bahia, Pernambuco e Espírito Santo.

Em outubro de 2023, um idoso morador da QND, em Taguatinga, foi vítima da quadrilha e permaneceu no celular sob ameaça dos suspeitos por mais de 20 horas. Durante a ligação telefônica, os criminosos fingiam ter sequestrado o filho dele.

Na ocasião, um dos golpistas, de 33 anos, acabou preso em flagrante, depois de ir à casa da vítima buscar cartões bancários, joias e outros objetos de valor. Em depoimento à PCDF o investigado afirmou que os comparsas eram de outros estados e que só tinha contato com eles por meio da internet, para prestar contas e remeter objetos recolhidos a uma agência dos Correios no Rio de Janeiro.

Com o aprofundamento das investigações, a PCDF descobriu uma rede criminosa com diversos núcleos, liderada por três suspeitos com aprofundado conhecimento em informática e que se aproveitavam dessas habilidades para esconder os próprios rastros na internet.

Os líderes eram responsáveis pela compra de dados de potenciais alvos em “painéis” disponíveis na web e repassavam as informações a comparsas, para contato direto com as vítimas.

As ligações telefônicas eram feitas por presos recolhidos no regime semiaberto no estado do Rio de Janeiro, mais especificamente do Instituto Penal Plácido Sá Carvalho, que fica no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.

Quando os presos conseguiam persuadir alguma vítima, eles repassavam as informações aos líderes. As vítimas eram orientadas a colocar cartões bancários e objetos de valor em sacolas que seriam recolhidas pelos “entregadores”, responsáveis por fazer saques e transferências enquanto o alvo era mantido na linha telefônica sob ameaça dos presos.

Por fim, os entregadores levavam os objetos de valor e as joias a uma agência dos Correios em Niterói (RJ), onde os itens eram recolhidos pelos líderes da quadrilha.

Prisões Em um dos grupos criados pelos golpistas, eles divulgavam um manual de como excluir rastros na web. Apesar de toda a sofisticação do esquema, e após apurações de alta complexidade, a polícia conseguiu identificar 10 integrantes do grupo, entre eles, os presos responsáveis pelas ligações, os “entregadores” do Distrito Federal e todos os líderes.

Após a conclusão das investigações, os líderes da organização criminosa tiveram as prisões preventivas decretadas pela 1ª Vara Criminal de Taguatinga, que também determinou o sequestro de valores e expediu 10 mandados de busca e apreensão, cumpridos nesta manhã em Santa Maria (DF), em Florianópolis (SC), em Angra dos Reis (RJ) e no Rio de Janeiro (RJ).

Os presos responderão pelos crimes de extorsão, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas podem levar a 31 anos de prisão. Os valores sequestrados por meio de mandado judicial serão revertidos para sanar o prejuízo das vítimas.

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