Beleza arquitetônica, simbolismo religioso e muita história guardada em cada detalhe da sua fachada até o altar. Considerada uma das mais importantes construções sacras desde o período colonial, o principal templo da Igreja Católica no território da Arquidiocese de Salvador acaba de completar 350 anos.
Porta de entrada do Centro Histórico para quem chega, a Catedral Basílica do Santíssimo Salvador recebeu homenagens neste domingo (26) com uma missa presidida pelo Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha, que ressaltou não só a representatividade da igreja mãe para a fé católica, mas o seu significado ao longo da história.
“A catedral é a igreja viva que aqui se reúne. Um templo que nos acolhe ao longo de tantos séculos”, disse Dom Sergio. O padre e pároco da catedral, José Abel Ribeiro, também participou da cerimônia, que reuniu além de fiéis, turistas que visitavam o Pelourinho pela manhã.
“Aqui era a capela dos padres jesuítas. É daqui que eles proclamavam o evangelho. A catedral é o templo onde o bispo fala para o seu povo e congrega todas as comunidades, renovando nossa fé”.
Foi justamente o movimento da missa que chamou a atenção da turista paulista Maria Helena Valença, 43 anos. Em visita a Salvador, foi a primeira vez que ela entrou na catedral.
“Vi as portas abertas e fiquei encantada. Não sei explicar. Foi a primeira igreja que entrei no Pelourinho e me impressionou desde que cheguei. Sempre achei a história das igrejas de Salvador muito interessante, mas ver isso de perto foi uma experiência maravilhosa”.
“Entre as histórias que a catedral vem guardando durante todo esse tempo, temos várias para contar, mas eu poderia destacar o processo construtivo da igreja. Se a gente pudesse voltar no tempo e pensar: como se construía no século 18 essas imponentes estruturas sem os equipamentos que temos hoje? Uma obra como essa é uma verdadeira empreitada que atravessa o século”, complementa o historiador Rafael Dantas.
Imponência histórica
Foram construções erguidas para a posterioridade para serem um símbolo de fé, da cidade e, sobretudo, do poder português no Brasil colônia. “Todas essas igrejas de Salvador também perpassam por todo esse período em que tivemos a vigência escravista. Além disso, os elementos presentes no interior da igreja possuem detalhes importantes de cada época. Seja o barroco ou o maneirismo, existe a tradução de uma consonância, uma visão de mundo pertinente de período em cada reforma, reconstrução e restauração que a igreja passou”, diz Dantas.
Para o historiador, outro fato curioso sobre a igreja é a possibilidade de abrigar o lugar onde está sepultado o Caramuru, então esposo de Catarina Paraguaçu.
“Documentos da época apontam que foi justamente na catedral dos jesuítas que o Caramuru foi sepultado. Algumas inscrições antigas sugerem que ele repousa em algum lugar da catedral. Não sabemos exatamente onde, porque isso foi no século 16 e de lá para cá a igreja passou por muitas transformações”.
A fé e a curiosidade histórica tornam a catedral uma das igrejas preferidas da comerciante Sandra Laerte, 61 anos. Baiana, Sandra mora há 24 anos em Portugal e durante sua passagem pelo Terreiro de Jesus fez questão de visitar a basílica. “É a minha história. Um símbolo da cidade. A gente viaja para a Europa e visita tantas igrejas, mas aqui também temos templos com uma beleza dessas. É uma igreja, sem dúvida, muito especial”, conta.
A empresária Tuilla Requião, 36 anos, é mais uma que reconhece essa representatividade que a Catedral Basílica tem para a cidade: “é uma igreja que tem sua beleza, imponência e consegue reunir em um mesmo lugar cultura, religião e ainda sua própria representação para Salvador. Sempre que estou no Pelourinho, não abro mão de passar por aqui”, finaliza.